Menu
Analice Nicolau
Analice Nicolau

 Guerra de Titãs, Janela para o Brasil

Colunista Analice Nicolau

16/10/2025 15h17

João Kepler, CEO da Equity Group

Enquanto EUA e China redesenham o comércio global, especialistas apontam os riscos e as oportunidades para o país se consolidar como potência estratégica

Enquanto os titãs da economia global, Estados Unidos e China, movem suas peças em uma nova e intensa guerra comercial, o mundo prende a respiração. Para o Brasil, no entanto, este não é um momento apenas de observação, mas de ação. A disputa, que impõe tarifas, pressiona cadeias de suprimentos e eleva a incerteza, cria uma encruzilhada para o país, ser arrastado pela turbulência ou aproveitar as brechas para se consolidar como um protagonista no cenário mundial.

De um lado, os riscos são evidentes. A volatilidade global pressiona os mercados emergentes, e o Brasil não é exceção. Como aponta Volnei Eyng, CEO da Multiplike, “O aumento da incerteza global tende a pressionar o câmbio e elevar a cautela dos investidores”. Esse cenário de instabilidade encarece o crédito e pode afetar empresas que dependem de insumos importados, gerando um efeito cascata na economia.

Em meio à guerra comercial EUA-China, o Brasil pode ampliar exportações e atrair investimentos. CEOs analisam os riscos e as oportunidades estratégicas para o país.
Volnei Eyng, CEO da Multiplike

Contudo, é do outro lado da moeda que reside a grande oportunidade estratégica. Em um mundo que busca desesperadamente por alternativas e segurança, o Brasil surge como uma resposta. “A busca por fornecedores alternativos à China abre espaço para exportadores brasileiros”, afirma João Kepler, CEO da Equity Group. Essa visão é compartilhada por diversos líderes, que veem potencial para o país ampliar suas exportações em setores onde já é uma potência, como commodities (soja, minério e proteína animal), e ganhar relevância em novas áreas, como energia limpa e tecnologia agrícola.

A oportunidade não se limita à balança comercial. A reorganização das cadeias produtivas globais, um movimento que busca reduzir a dependência de um único polo produtivo, posiciona o Brasil como um destino estratégico para investimentos. Richard Ionescu, CEO do Grupo IOX, resume o potencial: “O mundo está procurando alternativas à China, e o Brasil pode se posicionar como o principal hub produtivo do hemisfério sul”. Para isso, é crucial alinhar crédito competitivo e segurança regulatória.

Transformar esse potencial em realidade, no entanto, exige mais do que sorte. Exige estratégia. Empresas precisarão de agilidade e gestão de risco para navegar na volatilidade, enquanto investidores devem diversificar seus portfólios. Nesse contexto, como destaca Gabriel Padula, do Grupo Everblue, o crédito empresarial estruturado se torna um “motor de estabilidade interna”, garantindo que companhias brasileiras tenham o capital necessário para sustentar seu crescimento.

A fala dos especialistas desenha um caminho claro: o momento é de apostar em nossos fundamentos. O Brasil combina uma base produtiva diversificada, um mercado interno robusto e um ecossistema de inovação em crescimento. Empresas com governança sólida e investidores com visão de longo prazo encontrarão aqui um terreno fértil.

A guerra comercial entre gigantes não é apenas uma ameaça; é um chamado. Um chamado para o Brasil ocupar seu espaço, transformando, como define Pedro Ros, da Referência Capital, a “turbulência externa em impulso interno”. O futuro não será dado, terá que ser construído. E a base para essa construção está sendo assentada agora.

    Você também pode gostar

    Assine nossa newsletter e
    mantenha-se bem informado