Em Campinas, no coração de Itatinga, a maior zona confinada de prostituição da América Latina, Fabi Ferreira emerge como uma força transformadora. Conselheira do Direito Municipal da mulher, líder da Pastoral da Mulher Marginalizada, e Diretora de ensino de uma ONG educacional, ela dedica sua vida a combater a vulnerabilidade social, o estigma, e a discriminação enfrentados pelas mulheres profissionais do sexo e seus filhos.

CEPROMM, o centro educacional onde Fabi atua, é uma luz de esperança em meio ao desamparo de Itatinga. A maioria dos alunos são filhos de mulheres em situação de prostituição, crianças que, sem este apoio, estariam fadadas ao ciclo vicioso da marginalização. A missão de Fabi é trazer dignidade a essas mulheres e suas famílias, assegurando uma infância segura e educativa para seus filhos.

O trabalho de Fabi não se limita à educação. Ela está na linha de frente da luta por direitos, enfrentando desafios como tráfico humano, criminalidade, e o consumo de drogas — problemas exacerbados por uma sociedade que ainda se pauta no machismo e no patriarcado. “Estamos tratando de um assunto muito complexo”, Fabi explica. “A prostituição traz questões que vão além da moralidade e ética, tocando em preconceitos enraizados.”
Identificando-se como mulher, preta, e mãe solo, Fabi traz sua vivência pessoal para os movimentos sociais que lidera. “A Pastoral da Mulher Marginalizada foi o grande movimento que começou este trabalho”, afirma. Para Fabi, estar em Itatinga é estar em um mundo à parte, onde as regras sociais comuns são distorcidas por uma realidade de exploração e desigualdade.
Apesar dos obstáculos, a diretora destaca a importância das parcerias estabelecidas no desenvolvimento de programas para crianças e adolescentes, mostrando que é possível criar oportunidades de crescimento e aprendizado mesmo nas condições mais adversas.
Para aquelas enfrentando situações de vulnerabilidade e marginalização, Fabi oferece um conselho ressonante: “Vocês são mulheres, cidadãs, e, acima de tudo, pessoas que possuem direitos”. Em suas palavras, ecoa um chamado por igualdade, justiça, e fraternidade — princípios universais que, segundo ela, devem nortear a existência de todo ser humano.