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Analice Nicolau
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Estudo revela que mulheres grávidas que seguem dietas veganas ou vegetarianas correm maior risco de pré-eclâmpsia

Médico de hospital israelense comenta achados de estudo que mostra indícios de impactos durante a gestação e após a gravidez. 11% de veganas tiveram casos de pré-eclâmpsia, quase quatro vezes mais do que nas mulheres carnívoras

Analice Nicolau

13/03/2024 9h30

Atualizada 12/03/2024 17h35

As dietas à base de vegetais estão ganhando popularidade em todo o mundo. Contudo, a mudança desse comportamento alimentar sempre traz dúvidas, principalmente quando a escolha é feita por mulheres gestantes. Nesse contexto, um estudo realizado na Universidade de Copenhague, na Dinamarca, com dezenas de milhares de mulheres e que foi publicado recentemente no periódico científico Acta Obstetricia Et Gynecologica Scandinavica, revelou que indícios importantes de como esse tipo de dieta pode interferir na saúde do feto. Entre os riscos levantados estão a pré-eclâmpsia e o nascimento do bebê com peso mais baixo.

Os pesquisadores do estudo, intitulado “Adesão a diferentes formas de dietas baseadas em vegetais e resultados de gravidez na coorte nacional dinamarquesa de nascimentos: um estudo observacional prospectivo que analisou dados fornecidos por dezenas de milhares de participantes”, acompanharam dezenas de milhares de mulheres através de um registo nacional de dados durante os anos 1996 e 2002, examinando seus estilos de vida e a dieta escolhida por elas durante idade reprodutiva.

As mulheres responderam um abrangente questionário aplicado em dois momentos, na 25ª e na 30ª semana de gravidez, incluindo perguntas relacionadas à normalidade da gravidez e ao processo de parto, bem como a saúde tanto das mães quanto dos recém-nascidos. Todas foram devidamente separadas e categorizadas em grupos de mulheres onívoras, aquelas que se alimentam de peixe e frango, completamente vegetarianas e veganas.

As análises dos dados permitiram que os pesquisadores observassem que a gravidez das veganas é, em média, cinco dias mais longa do que daquelas que comem de tudo e, mesmo assim, seus bebês nasceram com peso em média 200 gramas menor em comparação aos bebês de mulheres onívoras.

De acordo com o estudo, a dieta vegana entre as mulheres que dele participaram levou ao nascimento de mais crianças com peso inferior a 2,5 kg (2,5% entre as mulheres carnívoras, em comparação com 11% entre a população vegana). Este resultado indica maior potencial para problemas de desenvolvimento em recém-nascidos. Os pesquisadores notaram ainda que as mulheres grávidas que seguem uma dieta vegana ou vegetariana correm maior risco de pré-eclâmpsia.

Para Ido Sholt, diretor da Unidade de Medicina Materna e Fetal do Rambam Health Care Campus, maior hospital do norte de Israel, os dados reforçam que uma dieta vegana tem um preço. “As pessoas que subsistem com uma dieta vegana precisam de suplementos para manter o pleno funcionamento do corpo. A proteína é de grande importância, especialmente durante a gravidez, quando a preocupação com a ingestão de nutrientes é ainda mais essencial”.

Outro achado da pesquisa foi a informação de que a escolha alimentar também produz efeito no curso da gravidez. De acordo com o estudo, as mulheres que foram alimentadas com dieta vegana tiveram menos casos de diabetes gestacional. Por outro lado, em relação à pré-eclâmpsia, há inversão de resultados, com 11% de veganas tendo casos de pré-eclâmpsia, quase quatro vezes mais do que nas mulheres carnívoras, onde o valor era de 2,6%.

“Trata-se de mais uma informação preocupante, uma vez que a pré-eclâmpsia é um problema placentário que se desenvolve desde o início da gravidez e traz riscos para mãe e para o bebê”, alerta Sholt.

O especialista conclui: “o consumo de proteínas é um componente essencial para uma gravidez normal. Por isso, para quem deseja sem manter na dieta vegana mesmo durante a gravidez, é fundamental a suplementação com zinco, iodo, ferro, B12, cálcio, entre outros que podem ser ingeridos como multivitamínicos. Embora não contribuam na questão do peso dos recém-nascidos, certamente previnem complicações adicionais.”

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