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Analice Nicolau
Analice Nicolau

Engenheiro civil aposentado tornou-se escritor aos 75 anos

Colunista Analice Nicolau

17/11/2025 18h06

Aos 82 anos, o engenheiro civil aposentado Fernando Machado soma três livros publicados e prepara sua quarta obra, mostrando que nunca é tarde para se reinventar por meio da escrita e da criatividade.

Fernando Machado; engenheiro civil e escritor

Aos 82, Fernando Machado já publicou três livros e prepara sua quarta obra literária

Em uma sociedade cada vez mais conectada à ideia de propósito e reinvenção, histórias como a de Fernando Machado ganham destaque e provocam admiração. Engenheiro civil aposentado e ex-proprietário de um centro cultural dedicado à música e ao cinema, ele decidiu iniciar uma nova carreira aos 75 anos: a de escritor. Hoje, aos 82, soma três livros lançados pela Editora Labrador e prepara sua quarta obra, intitulada O Velho e o Cão.

De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a expectativa média de vida do brasileiro é de 75,5 anos, com projeção de alcançar 81,3 até 2050. Em meio a essa realidade, Fernando representa uma geração que associa longevidade à vitalidade criativa. Sua trajetória mostra que nunca é tarde para redescobrir talentos e dar novos significados às próprias experiências.

O interesse pela escrita surgiu em 2018, após um processo terapêutico. À época, enfrentando desconfortos emocionais que também afetaram sua saúde física, buscou a psicoterapia como forma de autoconhecimento. Por orientação profissional, começou a registrar lembranças e sentimentos em cadernos. “Se eu escrevesse a história da minha vida desde quando a minha memória alcançasse, poderia terminar de abrir ou fechar portas imaginárias que estivessem apenas entreabertas”, recorda. O exercício introspectivo tornou-se hábito, e dali nasceram personagens, enredos e uma nova maneira de se comunicar com o mundo.

O engenheiro civil e escritor; Fernando Machado

Seu primeiro livro, Gastura, mescla memórias pessoais e fatos históricos. Na sequência, publicou Phênix, uma ficção sobre superação e recomeço. O mais recente, Spoiler, lançado na Bienal do Livro de 2024, aborda temas contemporâneos como gênero, racismo e preconceito, explorando com sensibilidade a complexidade das relações humanas.

Morador de Ribeirão da Ilha, em Florianópolis, há mais de duas décadas, Fernando mantém uma rotina voltada ao equilíbrio físico e mental. Pratica pilates, faz caminhadas diárias e reserva momentos de contemplação em frente à Igreja Nossa Senhora da Lapa, de onde observa o cemitério local e reflete sobre o tempo e a memória, temas recorrentes em sua literatura. Sempre acompanhado de Brown, seu cachorrinho fiel, encontra no cotidiano simples a matéria-prima para novas histórias. “Quando o olhar desacelera, o mundo se revela em detalhes que antes passavam despercebidos”, costuma dizer.

Sua próxima publicação, O Velho e o Cão, promete unir afetividade, filosofia e poesia em um relato sobre amizade, lealdade e o processo de envelhecer com propósito. A obra simboliza o encontro entre experiência e emoção, um ciclo contínuo de aprendizado que não conhece limites de idade.

Mais do que um caso de sucesso individual, a jornada de Fernando Machado reafirma um movimento contemporâneo: o de pessoas que transformam maturidade em potência criativa. Reinventar-se não é romper com o passado, mas dar a ele novos olhares. E, nesse sentido, Fernando é prova viva de que a idade pode ser apenas um detalhe diante da vitalidade das ideias.

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