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Documentário “Fio do Afeto”, com Zezé Motta e Heloísa Buarque tem exibição no Festival do Rio

Longa-metragem documental dirigido por Bianca Lenti, acompanha a trajetória de oito mulheres, entre as quais quilombolas, indígenas e ribeirinhas

Por Analice Nicolau 06/10/2022 12h00

Dirigido por Bianca Lenti, o longa-metragem documental Fio do Afeto terá sua primeira exibição no Festival do Rio, na mostra Première Brasil: O Estado das Coisas. 

Com participações especiais de Zezé Motta e de Heloisa Buarque de Hollanda, o filme acompanha a trajetória de oito mulheres, entre as quais quilombolas, indígenas e ribeirinhas e de grandes centros urbanos, que, articuladas em um mesmo projeto, encontram soluções para superar os desafios sociais, políticos e econômicos causados pela pandemia. 

Filme acompanha a trajetória de oito mulheres, entre as quais quilombolas, indígenas e ribeirinhas e de grandes centros urbanos

Produzido pela Giros Filmes, o documentário revela a rede que foi articulada para que milhares de mulheres brasileiras usassem suas experiências de vida e habilidades pessoais para contribuírem no combate da pandemia de covid-19 por meio da confecção e doação de máscaras de tecido. 

Com perfis variados e muito representativos da realidade socioeconômica de suas comunidades e regiões, essas mulheres mostram como é potente o investimento social planejado e realizado em parceria. Mostram também como o investimento social em mulheres e com foco na formação de redes têm efeitos relevantes e duradouros envolvendo geração de renda, proteção das famílias, combate à violência doméstica, autocuidado e saúde mental.

Zezé Motta interpreta textos de Conceição Evaristo, escritora que em suas linhas tece histórias de ancestralidade, de resistência por meio do afeto e da luta, da relação visceral entre mães e filhas, dos muitos lutos impostos às mulheres pretas brasileiras. Cada palavra de Conceição, na voz de Zezé, se relaciona às trajetórias das personagens e exalta as mulheres que vieram antes delas, suas conquistas e seus legados.

Heloisa Buarque de Hollanda

A narrativa sobre o feminismo contada por Heloisa Buarque de Hollanda traz o papel e a importância das redes de solidariedade, e mesmo da costura e do bordado, na vida de muitas brasileiras. “Os bordados dizem muito, tem muito do território sendo desenhado em volta e o bordado também é uma coisa de um nó segurando em outro nó, que segura em outro nó. (…) O que é importante no bordado é essa corrente, ele é um canal de comunicação absurdo”.

 “A Noite Não Adormece nos Olhos das Mulheres” é um dos textos de Conceição Evaristo interpretados por Zezé Motta. O poema resgata a força e ancestralidade femininas. 

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Zezé Motta

“A noite não adormece nos olhos das mulheres a lua fêmea, semelhante à nossa, em vigília atenta vigia a nossa memória. A noite não adormece nos olhos das mulheres, vaginas abertas retêm e expulsam a vida donde Ainás, Nzingas, Ngambeles e outras meninas luas afastam delas e de nós os nossos cálices de lágrimas. A noite não adormecerá jamais nos olhos das fêmeas, pois do nosso sangue-mulher de nosso líquido lembradiço em cada gota que jorra um fio invisível e tônico pacientemente cose a rede de nossa milenar existência”, lê Zezé.






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