A arte que clamava pela primeira ministra negra em 132 de história do STF (Supremo Tribunal Federal), viralizada nas redes sociais em 2023 e feita pelo artista Airá Ocrespo em parceria com o Instituto de Defesa da População Negra (IDPN), foi o ponto de partida para que o artista fizesse a Exposição “Farsas Armadas – uma década de mimetização”, que ficará disponível pela visitação do público na Casa Amarela, em Santa Teresa (RJ), até o dia 03 de fevereiro. A exposição que é apartidária, tem como objetivo discutir e promover reflexões a respeito da desinformação no contexto político-social brasileiro na última década e explorar o papel dos memes neste processo.
“Na exposição tudo foi pensado para comunicar e criar sentido. Desde o formato das telas, as cores escolhidas, os materiais, as técnicas usadas e o tipo de montagem, tudo cumpre um papel no contexto. O formato dos quadros e a composição dos elementos, assim como o apuro técnico de uns e a intencional displicência no acabamento de outros, foram pensados para transmitir impressões que reforçam as mensagens embutidas nas obras”, explica Airá Ocrespo.
- Arte de graffiti “Ministra Negra” segue presente no muro lateral do Cordão do Bola Preta, na Lapa, no Rio de Janeiro.
A estética exerce uma função essencial devido ao artista ter usufruído da lógica dos memes na criação das artes para ressaltar características como humor e o exagero. A relação entre temática, título da exposição, figuras nas obras e sua disposição estimula o visitante a compreender as mensagens, refletir e chegar a conclusões sobre a proposta. Uma das novidades existentes na mostra é que o próprio artista apresenta pessoalmente as obras, possibilitando uma experiência enriquecedora aos presentes, que podem interagir, saber os seus pontos de vistas e compartilhar opiniões.
- Airá Ocrespo, artista responsável pela arte viralizada e pela exposição
“Ao desafiar a legitimidade de certos agentes e instituições que moldam a opinião pública no cenário midiático, político e econômico brasileiro, questiona-se a permanência destas figuras como representantes, seja no âmbito público ou privado, sendo consideradas idôneas. Isso ocorre mesmo diante das sérias controvérsias surgidas de suas atividades profissionais, marcadas por comportamentos moralmente questionáveis e, em alguns casos, até mesmo criminosos, com consequências trágicas para o país, que ainda estão sendo mensuradas”, afirma o artista.
A exposição que é aberta para indivíduos de várias orientações políticas, tem em seu calendário o agendamento de uma atividade sobre o tema no dia 21 de janeiro às 16h, que contará com a participação do artista Airá Ocrespo e da equipe responsável pela mostra, como a curadora e pesquisadora Monique Paulla. Além disso, a visitação imersiva, que conta com a apresentação das obras pelo artista, ocorre de forma gratuita entre os dias de terça a domingo, das 11h às 18h (mediante a agendamento).

