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Analice Nicolau
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A nova era do trabalho

Colunista Analice Nicolau

01/10/2025 18h30

Kamille Fraga Dantas, diretora de Gente & Gestão.

Liderança humanizada valoriza a empatia e o diálogo para motivar equipes

A transformação do mundo corporativo nos últimos anos impôs novos desafios a líderes e gestores. Digitalização acelerada, modelos híbridos e novas expectativas das gerações mais jovens colocaram no centro das discussões um tema essencial: como manter equipes engajadas em um ambiente tão dinâmico? A resposta, cada vez mais clara em pesquisas e tendências, está na liderança humanizada.

Mais do que administrar tarefas ou perseguir metas, liderar de forma humanizada significa colocar as pessoas no centro da estratégia, reconhecendo histórias, talentos e necessidades individuais. Não se trata de suavizar a gestão, mas de compreender que resultados sustentáveis nascem de relações de confiança e de ambientes saudáveis.

Kamille Fraga Dantas, diretora de Gente & Gestão

“A liderança humanizada se diferencia dos modelos tradicionais por equilibrar desempenho e cuidado genuíno com as pessoas. Enquanto a gestão clássica se apoiava em comando e controle, este novo perfil de liderança valoriza empatia, diálogo aberto e construção de pertencimento. É um formato mais aderente à realidade atual, marcada por transformações aceleradas e maior flexibilidade nos vínculos de trabalho”, analisa Kamille Fraga Dantas, diretora de Gente & Gestão.

Pesquisas confirmam o impacto direto da abordagem. Segundo dados da consultoria Gallup, colaboradores que se sentem ouvidos têm 4,6 vezes mais chances de estarem engajados em suas atividades diárias. Não por acaso, a empatia e a escuta ativa se consolidam como competências tão estratégicas quanto o domínio técnico. Da mesma forma, o relatório Global Human Capital Trends, da Deloitte, mostra que 79% dos líderes acreditam que construir uma cultura baseada em bem-estar e confiança será decisivo para garantir a sustentabilidade das organizações no futuro.

Hoje, não basta oferecer pacotes de benefícios competitivos. Profissionais exigem propósito, reconhecimento e um ambiente de respeito. Nesse sentido, a liderança humanizada vai além de bônus e metas: trata-se de criar comunidades de trabalho inspiradoras, onde cada indivíduo sente que sua contribuição faz diferença.

Entre as práticas mais eficazes, destacam-se os feedbacks frequentes, que substituem avaliações anuais engessadas por conversas contínuas; a flexibilidade de jornada, permitindo equilíbrio entre vida pessoal e profissional; o reconhecimento genuíno de conquistas individuais e coletivas; e o investimento consistente em programas de desenvolvimento, que demonstram atenção ao crescimento do time. Tais iniciativas não apenas ampliam engajamento, mas fortalecem a retenção de talentos num mercado cada vez mais competitivo.

Para colocar em prática esse modelo, é essencial fomentar espaços psicologicamente seguros, onde todos se sintam aptos a contribuir, inclusive diante de erros. “É preciso incentivar ambientes que valorizem aprendizados, em que falhas são encaradas como oportunidades de evolução. Esse tipo de postura fomenta inovação, aumenta conexão com a missão da empresa e reforça a confiança”, complementa Kamille.

Em cenários híbridos, a criação de rituais de conexão ganha ainda mais importância. Reuniões de alinhamento, atividades de integração e canais regulares de troca asseguram que ninguém se sinta excluído, independentemente da distância ou posição hierárquica.

Esse movimento revela uma mudança profunda: líderes deixam de ser chefes distantes para se tornarem inspiradores de confiança. São facilitadores que guiam com clareza, estimulam a colaboração e despertam o melhor de cada pessoa. O efeito é duplo: promove desenvolvimento humano e garante resultados consistentes.

Romper com o modelo de gestão tradicional, no entanto, ainda é um desafio. Muitos gestores acreditam que cuidar da saúde emocional pode comprometer a performance. Apesar disso, estudos apontam que empresas que priorizam a confiança têm 20% a mais de produtividade e níveis de inovação 30% superiores, segundo levantamento do MIT Sloan Management Review. O grande equilíbrio está em alinhar metas claras e transparentes com práticas de cuidado, escuta e reconhecimento.

Em um mundo em que a tecnologia avança em ritmo acelerado, a verdadeira diferenciação das organizações bem-sucedidas não estará apenas em inovação ou processo, mas na forma como tratam suas pessoas. A liderança humanizada deixou de ser tendência para se tornar estratégia de sobrevivência. E, nessa nova era do trabalho, ser líder é menos sobre comandar e mais sobre inspirar.

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