A 47ª Mostra Internacional de Cinema acontece de 19 de outubro a 1 de novembro em São Paulo e vai homenagear quatro diretores com os prêmios Humanidade e Leon Cakoff.
O Prêmio Humanidade desta edição será entregue a dois documentaristas: o cineasta francês Sylvain George e o diretor americano Errol Morris. A homenagem é concedida a personalidades que demonstram questões humanistas, sociais e políticas pertinentes ao seu tempo de forma corajosa e sensível. Sylvain George recebe o troféu pela pesquisa de linguagens apropriadas para garantir visibilidade e dignidade aos deserdados e pelo trabalho de combate às injustiças. Já Errol Morris é homenageado por sua busca insaciável do que encanta e apavora no humano.
O Prêmio Leon Cakoff vai para Emir Kusturica e Júlio Bressane, que recebe a homenagem na abertura do festival. Kusturica recebe o troféu para comemorar a história comum de sua trajetória com a da Mostra e também por sua capacidade de reinventar as utopias com seu trabalho. Já a escolha de Bressane para receber o prêmio nesta Mostra distingue, mais que a produtividade, a longa influência do cineasta carioca sobre o cinema de invenção, sua inquietação e sua insubmissão frente ao cinema de fórmulas.
DIRETORES HOMENAGEADOS
SYLVAIN GEORGE
Nasceu em Vaulx-en-Velin, França, em 1968. É poeta e cineasta. Depois de se formar em filosofia, trabalhou como assistente social. Dirigiu os documentários O Impossível – Páginas Rasgadas (2009), Que Descansem Sem Paz (Imagens da Guerra) (2010), Fragmentos (Minha Boca, Minha Revolta, Meu Nome) (2012), Rumo à Madri (2021, 37ª Mostra), Paris É Uma Festa – Um Filme em 18 Ondas (2017), Noite Obscura – Folhas Selvagens (2022) e Noite Obscura – Adeus Aqui, em Qualquer Lugar (2023), exibidos e premiados em festivais como Locarno, CPH:DOX, Buenos Aires e Turim.
ERROL MORRIS
Nasceu em Hewlett, EUA, em 1948. Formou-se em Filosofia na Universidade da Califórnia. Um dos principais documentaristas norte-americanos, Morris realizou filmes como Portais do Céu (1978), A Tênue Linha da Morte (1988), Uma Breve História do Tempo (1992), Mr. Death (1999), Sob a Névoa da Guerra (2002), vencedor do Oscar de Melhor Documentário, Procedimento Operacional Padrão (2008), O Conhecido Desconhecido (2013) e American Dharma (2018).
EMIR KUSTURICA
Nasceu em Sarajevo em 1954. Kusturica é diretor de cinema, músico, ator, produtor e escritor. Entre os longas-metragens do cineasta sérvio estão Você Se Lembra de Dolly Bell? (1981), vencedor do prêmio de melhor primeiro filme no Festival de Veneza, Quando Papai Saiu em Viagem de Negócios (1985), ganhador da Palma de Ouro no Festival de Cannes, Vida Cigana (1988), que ganhou o prêmio de melhor direção em Cannes, Underground – Mentiras de Guerra (1995), também vencedor da Palma de Ouro em Cannes, Gata Preta, Gato Branco (1998), que recebeu o Leão de Prata em Veneza, além de A Vida É um Milagre (2004), Maradona by Kusturica (2008), Na Via Láctea (2016) e El Pepe, uma Vida Suprema (2018). A 25ª Mostra realizou uma retrospectiva de seus filmes em 2001. Também é fundador da banda Emir Kusturica & The No Smoking Orchestra e diretor do Kustendorf International Film and Music Festival.
JÚLIO BRESSANE
Nasceu no Rio de Janeiro em 1946. Começou a carreira como assistente de direção em Menino de Engenho (1965), de Walter Lima Jr., e logo em seguida dirigiu os curtas Lima Barreto – Trajetória e Bethânia Bem de Perto – A Propósito de um Show, ambos em 1966. Estreou como diretor de longas em 1967 com Cara a Cara. Em 1969, fundou com Rogério Sganzerla a produtora Belair, realizando no mesmo ano O Anjo Nasceu e Matou a Família e Foi ao Cinema, cânones do cinema marginal. No ano seguinte, fez três filmes: A Família do Barulho, Barão Olavo, O Horrível e Cuidado Madame. Também é diretor de obras como Brás Cubas (1985, 9ª Mostra), São Jerônimo (1998, 23ª Mostra), Dias de Nietzsche em Turim (2001, 25ª Mostra), A Erva do Rato (2008, 32ª Mostra), Educação Sentimental (2013, 37ª Mostra) e Garoto (2015, 39ª Mostra).