A temporada atual da Fórmula 1 tem sido um verdadeiro teste de paciência para os tifosi, os fervorosos torcedores da Ferrari. Em busca de redenção pelos altos e baixos dos resultados nas campanhas anteriores, a equipe procurou formar uma dupla de pilotos “dos sonhos” em 2025, mas acabou transformando a expectativa gerada pela chegada de Lewis Hamilton e as promessas de um carro “99% novo” em mais uma sucessão de frustrações.
O time de Maranello ainda não conseguiu nenhuma vitória na atual temporada. O último triunfo foi no GP do México, em outubro de 2024, conquistado por Carlos Sainz antes de deixar o time para a chegada do heptacampeão.
Com um abandono duplo no GP de São Paulo, Charles Leclerc, e principalmente Hamilton, foram alvos de duras críticas pelo próprio presidente da escuderia, John Elkann. “O segundo lugar no campeonato de construtores ainda é possível, mas os pilotos precisam pensar na equipe, não em si mesmos”, disse ele, ciente de que após a etapa brasileira o time viu a meta de terminar 2025 como segunda colocada entre os Construtores se distanciar, já que a Mercedes abriu 36 pontos.
Embora na mesma ocasião o chefe da equipe tenha afirmado que “o carro melhorou bastante”, na verdade o que se vê é que o SF-25 revelou desde cedo fragilidades que tem sabotado o desempenho dos pilotos e tirado a Ferrari do ritmo dos líderes.
Além de problemas em aerodinâmica, a dificuldade em colocar os pneus na temperatura ideal na classificação, aliada à degradação térmica em ritmo de corrida, tem sido outro obstáculo constante.
Em algumas provas, a equipe se viu pedindo aos pilotos para aliviar o acelerador (o tal “lift and coast”) não por economia de combustível, mas para reduzir a carga aerodinâmica e poupar os pneus.
Para piorar a situação, diferente das rivais que deram saltos claros de performance, as atualizações introduzidas pela Ferrari, como a nova suspensão traseira, não trouxeram os benefícios esperados, chegando até a piorar o desempenho geral em alguns momentos.
A Ferrari enfrenta um jejum de títulos mundiais desde 2007 (Pilotos) e 2008 (Construtores), um dos períodos mais longos sem conquistas em sua história.
Disputa interna
Embora não com as mesmas proporções da dupla de pilotos da McLaren, a temporada atual da Ferrari também se tornou o palco de uma disputa interna entre o ídolo local Charles Leclerc e o heptacampeão mundial Lewis Hamilton, cuja transferência da Mercedes causou alvoroço entre os tifosi, imprensa e entre os fãs do mundo todo.
Mas o “rei da casa” não se deixou abater pelo oba-oba em torno do supercampeão. Continuou fazendo a lição de casa e até o momento demonstrou solidez, enquanto o britânico continua enfrentando um período de adaptação difícil.
Charles demonstra também capacidade de lidar com as inconsistências do carro e isso tem lhe rendido mais pódios e uma pontuação significativamente superior a Hamilton no campeonato de pilotos.
A ausência de vitória (excluindo a sprint do Grande Prêmio da China) e a diferença de pontos para Leclerc colocam a lenda sob intensa pressão, a ponto de induzir sugestões de aposentadoria, uma narrativa que ele ainda busca reverter a todo custo.
Uma coisa, no entanto, é certa: apesar das diferenças de desempenho, os dois pilotos não escondem a insatisfação por limitações que lhe são alheias. Leclerc, apesar de somar pódios, já manifesta sinais de desgaste num projeto que não concretiza o seu potencial. Hamilton, por seu lado, mostra irritação com a falta de autonomia para contribuir nas decisões técnicas e de engenharia, a fim de conseguir evoluir o carro junto com a equipe, algo que ele fazia como poucos na Mercedes.
E com o campeonato de 2025 já tido como um fracasso, a marca do ‘Cavallino Rampante’ se encaminha para fechar mais um ano nas pistas, literalmente, “no vermelho”.
Infeliz no jogo, feliz no amor
Se nos autódromos o sucesso ainda não retornou ao nível desejado, fora deles a Ferrari segue como a equipe mais valiosa da Fórmula 1, devido à sua marca icônica, história e tradição na categoria, além da sua maior e mais apaixonada base de fãs, os “Tifosi”, que gera um valor inestimável em apoio e engajamento global.
Segundo levantamento que acaba de ser divulgado pela empresa de negócios e análise de mercado Sportico, a escuderia italiana alcançou US$ 6,4 bilhões (cerca de R$ 33,9 bilhões) e manteve a liderança do ranking pelo 3º ano consecutivo.
Em seguida aparece a Mercedes, avaliada em US$ 5,88 bilhões, e a Red Bull, em US$ 4,73 bilhões.
Além de ser a mais valiosa, a Ferrari tem também o piloto mais rentável. Hamilton pode não ter ganhado nada nas pistas esse ano, mas fora dela foi eleito o atleta mais comercializável do mundo em 2025 pela revista SportsPro.