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Além do Quadradinho
Além do Quadradinho

Luz, câmera, canção: conheça a atriz e cantora Faby Gonçalves

Dedicada à arte há cerca de 20 anos, Faby Gonçalves é atriz, cantora e professora. Em entrevista à coluna, a artista fala sobre teatro e sala de aula e apresenta a Ralé Xique, banda da qual é vocalista

Thaty Nardelli

03/03/2023 13h31

Foto: Divulgação

A jovem Faby Gonçalves, hoje com 34 anos, iniciou seu desenvolvimento artístico ainda no ensino médio, onde conheceu o canto ao participar de um coral. Logo começou a se especializar e, hoje, é uma das principais atuantes do cenário do Teatro Musical de Brasília, estilo que exige muito do artista no palco. Dentre as tantas produções, participou do espetáculo “Across The Universe”, seu primeiro trabalho e um dos que mais marcou sua carreira, no papel de Sadie, personagem inspirada em Janis Joplin. Por ser tão especial para ela, lembra: “faria 90 vezes se pudesse”. Além disso, hoje também é vocalista da banda neo tropicalista Ralé Xique, que prepara um álbum fresquinho para ser lançado ainda este ano.

A “Além do Quadradinho” apresenta hoje a atriz e cantora Faby Gonçalves, que se dedica à arte há, pelo menos, 20 anos.

Faby em ação pela banda Ralé Xique. Foto: Divulgação

Pelo visto, a arte, em especial a música, entrou muito cedo na sua vida. Me fala um pouco da sua infância, adolescência, até, realmente, conseguir definir qual carreira queria seguir?

Sim, de fato a música entrou na minha vida muito cedo. Quando criança, eu tinha um pianinho de brinquedo que eu amava. Já um pouco mais velha, passava tardes e tardes cantando no karaokê em casa e, assim, eu comecei a cantar nas missas e eventos da minha escola, entrei para coral e as coisas foram acontecendo. Deixar a música nunca foi uma opção pra mim.

Como você começou sua especialização?

Quando eu estava no ensino médio, fazia parte do coral da escola. Lá, a gente tinha uma maestrina, a Dani Baggio, que passava e ensinava algumas técnicas de canto para a gente executar as músicas de uma forma saudável. Aquilo me encantava. Próximo de me formar, eu decidi que queria estudar direito o canto e entender mais sobre o funcionamento da voz. Foi quando, então, eu comecei a fazer aulas de canto, cursos e workshops.

Em 2006, ampliou seus estudos na técnica de Belting e Mixed Voice. Que técnicas são essas e como elas se aplicam na sua carreira?

O belting é uma técnica bastante usada em alguns gêneros musicais como Rock, Pop, Jazz, Blues e é a técnica usada no teatro musical. O termo vem de “to belt out” que , a grosso modo, é ‘cantar gritando’! Ou seja, uma voz que soa mais potente e mais forte e que dá a impressão de que a pessoa está gritando.

Quando eu comecei meus estudos de canto, eu me deparei com essa técnica que funciona muito para a minha voz e casa com os gêneros musicais com que eu trabalho.  

Sua primeira experiência no teatro musical veio em 2013. Como foi? 

Foi, sim! Em 2013 eu decidi me aventurar no Teatro Musical, foi desesperador! (risos) Eu era uma pessoa muito tímida e isso me atrapalhava um pouco na música, um amigo me mostrou que iam ter audições para montagem acadêmica de “Across The Universe” e me convenceu a ir fazer. Eu entrei para o coro, um tempo depois eu estava em uma rodinha de bar cantando à toa, e a diretora da peça ouviu e me pediu pra fazer outra audição. Eu fui, e foi assim que fiz meu primeiro personagem, a Sadie. Foi uma das melhores experiências que tive!

O Teatro Musical combina música, canções, dança, além de diálogos falados… Parece explorar muito mais de um artista. Como é, para você, trabalhar tudo isso no palco?

É uma loucura! O teatro musical demanda muito do ator, nós precisamos cantar, dançar e interpretar, tudo ao mesmo tempo e com qualidade. Para isso, a gente precisa de horas de ensaio e prática, às vezes a gente beira nosso limite de exaustão. O ator de teatro musical precisa estar se atualizando e fazendo manutenção do canto, da dança e do teatro o tempo todo, quando a gente para por um tempo, normalmente a gente acaba perdendo nosso condicionamento físico, por isso precisamos dessas manutenções.

Você acredita que o cenário da indústria do teatro musical no Brasil e em Brasília é valorizado?

No Brasil, atualmente, sim! Nós recebemos várias peças grandes e marcantes da Broadway e do teatro musical no geral. Porém, em Brasília não tem estrutura de teatro que consiga comportar essas peças. São toneladas de cenário e equipamentos, estruturas enormes que, infelizmente, nós não temos nenhum teatro no DF que comporte.

Brasília é um grande polo produtor de artistas de teatro musical, nós formamos nomes incríveis, mas eles não conseguem permanecer na cidade porque as grandes peças estão no eixo Rio/São Paulo.

Nós temos em Brasília escolas e cursos excelentes para quem quer estudar a área, mas quando falamos em atuar profissionalmente, complica um pouco. Nós temos ótimas produções profissionais que já aconteceram como Agreste, Lisbela e o Prisioneiro, Amelie, Entre Sonhos e Sonhos e Tantos, Menina Valente e vários outros, mas raramente conseguimos uma temporada longa. Os custos para se produzir uma peça de teatro musical são altíssimos, então sem muito apoio e patrocínios fica inviável passar muito tempo em cartaz. 

Foto: Divulgação

Quais musicais você já realizou? Algum deles ficou marcado para você?

Nossa, vários! Across The Universe, Rent, The  Rocky Horror Picture Show, We Will Rock You, Lisbela e o Prisioneiro, O Rei do Show, O Auto da Compadecida, Amélie, Julieta e Romeu… Esses são alguns. Todos eles tem seu lugarzinho no coração! O Across The Universe, acredito que por ser o primeiro e pela personagem, a Sadie, que foi inspirada na Janis Joplin, é uma das minhas grandes inspirações, é a que ficou marcada! Eu faria 90 vezes se pudesse!

Além de atriz, você também é professora. Como você percebe seu trabalho interferindo na vida dos alunos?

É muito gratificante ver os olhinhos brilhando quando eles descobrem que a tia Faby tava no palco. Sempre vem a pergunta: “tia era você?”. (risos)  Muitos alunos adultos começaram a fazer aula comigo depois de alguma montagem que fizemos juntos. Eu fico muito orgulhosa quando eles se inspiram e me usam de “referência” para alcançar os objetivos artísticos deles. 

Você também atua na banda neo tropicalista Ralé Xique. Pode falar mais sobre o projeto? Quando poderemos ver um show?

A Ralé Xique é um projeto que saiu da mente de um compositor e grande amigo, o Icaro Farias, ele me chamou para fazer parte, nós juntamos nosso bando de músicos maravilhosos e estamos aí… A gente tem uma pegada de psicodelia, misturado com rock, com blues e com muitos ritmos brasileiros. Nós juntamos um pouquinho das influências musicais de cada um dos membros e essa mistura deu a Ralé Xique.

Nós vamos começar uma nova fase da Ralé Xique agora, esse ano nós vamos gravar nosso álbum e consequentemente colocar nossa caravana pra rodar por essa cidade. Aguardem!

Ouça a Ralé Xique:

Para quem pretende começar a atuar, seja no teatro ou no canto, qual seria seu recado? 

Se joga! Muito estudo e dedicação. Vamos quebrar esse tabu de que pra ser artista não precisa estudar. Precisa, sim, e muito! Se é seu sonho trabalhar com isso, não tenha medo de errar. 

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