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Além do Quadradinho
Além do Quadradinho

Atriz, produtora, diretora, maquiadora, figurinista e professora. Conheça a artista multifacetada Carol Franklin

Com mais de 20 anos de carreira, Carol Franklin, 31, foi integrante da companhia teatral Néia e Nando por 12 anos. Saiba mais da trajetória de Carol

Thaty Nardelli

04/09/2023 10h50

Foto: Humberto Araújo

Com mais de 20 anos de carreira, Carol Franklin, 31, é graduada em Artes Cênicas na Universidade de Brasília (UnB). Foi integrante da companhia teatral Néia e Nando por 12 anos, além de dar aulas de teatro há 10 anos.

“Gosto de ser multifacetada e de ter experiências diferentes. Como figurinista, ganhei o prêmio de melhor figurino no Festival Nacional de Teatro de Barbacena 2016 com a montagem ‘Meu Precioso Cabaré'”, conta a artista.

Em 2018, trabalhou com um dos maiores nomes da arte de Brasília, Hugo Rodas. “O Hugo foi uma das pessoas mais excêntricas que já conheci. Era intrigante trabalhar com ele. Eu demorei um pouco, mas eu o entendi. Um diretor extremamente visceral e dedicado. Ele me fez perceber na prática que eu não era só uma atriz de teatro infantil, me fez encontrar dentro de mim uma força cênica que ainda estava procurando”, relembra.

No Carnaval, integrou o grupo “Bloco Sereias Tropicanas”, que arrastou uma multidão no centro da capital. “Foi uma experiência como nenhuma que já tinha tido, com 20 mil pessoas no Setor Comercial Sul, no centro de Brasília. Foi de tirar o ar! O bloco tinha circo, drag, DJ, banda, tinha tudo. Foi uma arte de Carnaval, figurino do zero, maquiadores, cenário, completíssimo”, descreve Carol.

Atualmente, Carol Franklin dirige a peça “Rent”, da Scala Cia das Artes. “Eu sinto que me privei de muitas coisas na minha carreira por ter medo e achar que eu não conseguia, perdi oportunidades. Atualmente, eu não perco nada e faço questão de mostrar o que eu quero”, frisa ela.

Quando você acha que a arte entrou na sua vida?

Eu sempre fui muito artística. Naturalmente, fazia todos os tipos de shows para a família, na escola e em todo canto. Comecei no balé no baby class com 2 anos de idade; no teatro, eu entrei com 5 anos. Me apaixonei pelas possibilidades e pela liberdade que a arte me dava. Sempre fui muito certinha, disciplinada. Minha mãe conta que na minha primeira apresentação de dança eu não apresentei porque fiquei corrigindo as colegas (risos). Meio, controladora? Talvez. Mas acho que isso fez de mim uma pessoa muito observadora e sensível às coisas ao meu redor. Entrei para o curso de teatro Néia e Nando com 6 anos e só saí aos 16, por causa da escola. E foi aos prantos. Então, sempre foi uma coisa muito séria para mim.

E como foi o início da sua carreira?

Eu já era aluna de teatro na Néia e Nando, quando, aos 13 anos, me chamaram para fazer um teste para dançar em uma peça da Cia. Ou seja, acabei trabalhando profissionalmente por12 anos seguidos. Com 18 anos, virei professora do curso da Néia e Nando e foi assim que comecei e me apaixonei pela arte.

Você é uma artista multifacetada, desempenhando diversas linguagens dentro da arte, do protagonismo do palco à assistente de produção…

Dentro da Cia Néia e Nando é comum que todos aprendam um pouco de cada coisa. Aprendi desde passar roupa a fazer iluminação. Então, para mim, é um pouco natural acabar desempenhando diversas funções. Não só natural, mas, para mim, mais prazeroso. Na Cia, fui aprendendo e conectando tudo isso e sempre fui muito ligada na parte de figurino e maquiagem, coisa com a qual até hoje amo trabalhar.

Inclusive, durante 12 anos, você participou da Cia Néia e Nando, que tem espetáculos mais voltados para o público infantil. Como isso agregou em sua carreira?

Essa experiência fez a artista que eu sou hoje. Tanto em cena, como a forma de lidar com público, de contracenar, quanto nos bastidores. Em cena, me fez ser uma atriz atenta às demandas, que se diverte com o improviso. Nos bastidores, aprendi a estar sempre presente, resolver problemas, construir e arrumar cenário… não há curso no mundo que possa substituir a quantidade de aprendizado que tive.

Em 2018, você trabalhou com um dos maiores nomes da arte de Brasília, o Hugo Rodas. Pode falar mais sobre esse trabalho e a experiência de trabalhar com esse ícone?

O Hugo Rodas foi uma das pessoas mais excêntricas que já conheci. Era intrigante trabalhar com ele. Eu demorei um pouco, mas eu o entendi. Um diretor extremamente visceral e dedicado, que dava uma impressão de durão, mas era um ursinho fofinho por dentro. O Hugo me fez perceber na prática que eu não era só uma atriz de teatro infantil, me fez encontrar dentro de mim uma força cênica que ainda estava procurando.

Você também já realizou diversos musicais. Quais são os principais desafios?

O teatro musical tem uma expertise absurda. O ator precisa saber cantar, dançar e atuar — e fazer tudo isso muito bem. É preciso um nível de técnica muito alto. Isso é que todos entendem bem. A grande questão é como conectar essas áreas e principalmente não priorizar uma sobre a outra. Geralmente, a parte teatral é mais deixada de lado, por ser mais subjetiva. Então, para mim, o maior desafio é manter uma qualidade na parte de interpretação. Cantar uma música como se fosse texto, um diálogo, um monólogo, requer um trabalho muito árduo, mas é extremamente gratificante.

Você também performou no “Sereias Tropicanas”, uma dos grandes blocos de Carnaval de Brasília. Como foi essa experiência?

Foi uma experiência como nenhuma que já tinha tido, com 20 mil pessoas no Setor Comercial Sul, no centro de Brasília. Foi de tirar o ar! O bloco tinha circo, drag, DJ, banda, tinha tudo. Foi uma arte de Carnaval, figurino do zero, maquiadores, cenário, completissimo… eu era do corpo de baile e dançamos mais de 20 músicas, algo não muito comum, principalmente em Brasília. Eu fiquei um pouco apreensiva sem saber se o público ia comprar a ideia, mas foi muito incrível ver todo mundo assistindo, copiando as coreografias e interagindo com a gente.

Além disso, você tem o projeto pessoal “Memórias Gordas”, que traz temas sensíveis e reais, como gordofobia e aceitação do próprio corpo. De onde partiu essa vontade de falar, com tanta leveza, sobre esses temas?

Eu sempre quis falar sobre as minhas experiências como mulher gorda. Todo mundo sabe como o mundo vê uma pessoa gorda, mas todo mundo sabe como ela se sente de verdade? No início da pandemia, tive a ideia de fazer vídeos e, ao mesmo tempo, minha irmã precisava de um novo projeto para a formação do curso dela em publicidade. Juntamos as ideias e então nasceu o Memórias Gordas. Nasceu de uma vontade de duas irmãs gordas que veem o mundo de fora do padrão. Eu quis contar a minha história da minha perspectiva e como toda essa vivência me ensinou a não me amar. Eu fui ensinada todos os dias que eu não era merecedora de nada. Agora adulta, eu que estou me ensinando a me amar, me sentir merecedora e não ter que provar nada para ninguém.

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Quais os principais momentos da sua carreira que você sente que ficaram marcados como especiais?

Os meus momentos marcantes da minha carreira são momentos como esse. Poder falar de arte… São momentos como a respirada funda antes de entrar em cena. Sentir a reação do público. Aprender algo novo. Ver meus alunos evoluindo. Tem um momento que também ficou marcado, quando gravei, no ano passado, um curta chamado “Eu Poderia Me Chamar Adeus”, que fiz toda a direção de arte, desde objeto até figurino.

Atualmente, em quais projetos está trabalhando?

Estou dando aula de teatro musical na academia Scala Cia das Artes. Eu dou aula de teatro e dirijo a peça “Rent”, nossa escolha para montagem desse semestre. Trabalho com uma equipe incrível, a Isabela Bianor e o Pedro Souto. Além disso, acabei de estrear o espetáculo “Perform Se Puder”, com a drag K-hala.

Para quem está começando, qual recado você deixaria?

Eu diria: “Se tá com medo, vai com medo mesmo”. Eu sinto que me privei de muitas coisas na minha carreira por ter medo e achar que eu não conseguia, perdi oportunidades. Atualmente, eu não perco nada e faço questão de mostrar o que eu quero. Se joga, se ama e se respeita.

Conheça mais da artista: @cacafranklin

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