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Não é mais um besteirol americano, ops! Não é apenas uma cotação

Mesmo dando ‘prejuízo’ a BRFoods chamou atenção da gigante Marfrig e foi comprada por mais US$ 800 milhões. Qual foi o motivo de tão alta aposta?

Gilvan Bueno

01/06/2021 16h45

Não é mais um besteirol americano, ops! Não é apenas uma cotação

Grandes empresas sempre foram sinônimo de grandes lucros. No entanto, nem sempre é assim. E, como sempre falo para vocês, é preciso ver e entender todo o cenário da organização antes de optar por investir em A ou B. No entanto, estar “dando” prejuízo também não é certeza de não ser um bom investimento. É necessário compreender o todo. Veja só.

O primeiro prejuízo anual em 64 anos na história da extinta Sadia, em 2009, custou caro e ainda continua tendo consequências. Nada fora de sentido, afinal, foi uma perda de R$ 2,5 bilhões numa das maiores empresas do setor de carnes do Brasil.

No entanto, o que causou maior perplexidade nessa questão foi um resultado afetado por perdas com derivativos cambiais. Não foi pela atividade principal da empresa. Foi por utilizar um volume de derivativos bem superior às suas necessidades operacionais, o que chamou atenção dos investidores pela governança corporativa. Ou melhor, pela FALTA de governança corporativa. Algo que faz toda diferença.

Entenda que essa aposta vinha gerando ganhos financeiros em um cenário de dólar baixo. Quando a moeda americana disparou, construiu um gigantesco rombo financeiro. Porém, acharam uma saída:

Após essa catástrofe, a empresa se uniu a Perdigão e criou a marca Brasil Foods ou BFR.

A união entre Sadia e Perdigão estimava criar um negócio que abarcaria 57% do mercado brasileiro da carne industrializada, 69% dos congelados de carne, 82% das massas prontas e 78% das pizzas congeladas. Uau!

Contudo, em 2018, o presidente da companhia, Pedro Parente, apontou que aquele ano “foi o mais desafiador da história de 10 anos da BRF”. Como assim?

Os motivos foram os seguintes:

Medidas protecionistas que fecharam importantes mercados importadores, a pressão de custos em um mercado doméstico onde não foi possível repassar preços, a greve dos caminhoneiros gerou perdas diretas com gastos logísticos adicionais, aumento da ociosidade e perda de estoques.

Naquele trimestre, a BRF teve seu fechamento com dívida líquida de R$ 15,696 bilhões. Inclusive, sendo alvo da Operação Trapaça, da Polícia Federal, que levou à prisão o ex-presidente global da companhia, Pedro de Andrade Faria.

No final destes acontecimentos, um prejuízo anual de R$ 4,4 bilhões. Eita!

Após 10 anos, com resultados operacionais e mudanças estratégicas constantes, podemos utilizar o gráfico abaixo para mostrar ao investidor as consequências e desvalorização nos últimos 5 anos.

Podemos ter uma única certeza: o aumento foi do endividamento crescente!

Mesmo assim, ignorando estes fatores, a Marfrig, segunda maior processadora de carne do mundo, aceitou pagar cerca de US$ 830 milhões pela compra de 24,2% das ações da BRF.

Aqui, fica a pergunta: qual o porquê?

Responda antes de olhar a resposta abaixo. Não vale burlar, hein?

Ao fazer seu investimento, com o foco de complementar o portfólio de produtos, a Marfrig disse:

“A aquisição (…) visa a diversificar os investimentos da Marfrig em um segmento que tem complementaridades com seu setor de atuação numa empresa onde a administração vem realizando uma reconhecida gestão”, e acrescentou que “não pretende eleger membros para o conselho de administração ou exercer influência sobre as atividades da BRF”.
Muito bem, Marfrig. Porém, qual a lição que fica ao investidor?

Quando se compra uma ação, se compra gestão, transparência e um alinhamento estratégico correto por parte da companhia para vender seu produto final. O investidor não pode buscar apenas uma cotação (olha nosso título!) que sobe no painel de cotações. Precisamos entender como a empresa ganha dinheiro e qual a sua estratégia para crescer a receita, reduzir endividamento e distribuir uma parte dos lucros aos seus acionistas.

Vamos entender e agir. Ou, como diria Theodore Roosevelt, ex-presidente dos Estados Unidos: “Leve tempo para tomar decisões, mas quando chegar a hora, pare de pensar e aja!”

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