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Histórias de Brasília

Gasolina x Goleador

O maior goleador do Vasco da Gama da década-1960, Célio Taveira, aos 79 de vida, encontra-se internado na UTI de um hospital de João Pessoa, na Paraíba, em coma induzido, resultado de coronavírus. Desde a quinta-feira (21.05.20) que isso acontece.

Redação Jornal de Brasília

28/05/2020 12h00

Célio jogou, também, pela Seleção Brasileira e o Corinthians, mas a sua fase mais produtiva foi defendendo o uruguaio Nacional, de Montevidéu, pelo qual tornou-se o terceiro brasileiro a mais gols marcar pela Taça Libertadores. Era um grande ídolo da torcida tricolor. Tanto que, até hoje, o clube mandou chama-lo para participar de todas as suas grandes comemorações.

Célio era uma espécie de “Rei da Cidade”, na capital uruguaia. Ao ponto de uma emissora de rádio, para ganhar pontos, pediu-lhe para presentar um programa. Num deles, Célio arrombou a audiência, entrevistando Roberto Carlos, que estava no auge, em 1967, e com discos vendendo muito no Uruguai, Argentina, Chile e no Paraguai.

 Célio foi ao hotel onde o Roberto hospedava-se, deixando-o muito alegre pela visita, pois o “Brasa” era torcedor vascaíno. E contou-lhe esta história: durante uma noite em que ele e Erasmo compunham, o “Tremendão” deixara um rádio ligado, baixinho, para acompanhar  o jogo da estreia de Garrincha no Corinthians, contra o Vasco. Quando Célio marcou o seu segundo gol na partida, Erasmo quase o esmaga, com um abraço, gritando: “Celhaço na rede, bicho!”

 Este jogo lembrado por Roberto Carlos foi durante a noite de 2 de março de 1966, no paulistano estádio do Pacaembu, diante de mais de 40 torcedores, está anotado no caderninho do então repórter Deni Menezes, da Rádio Globo-RJ. A atuação de Célio foi tão boa, contava o locutor Orlando Baptista, da Rádio Mauá-RJ,  que o presidente do uruguaio Nacional, presente ao prélio, não sossegou enquanto não o contratou. Para ele, Célio seria o substituto de Atílio Garcia, o até então insubstituível artilheiro que o seu clube procurava há mais de uma década.

Célio estreou quebrando tabu, de várias temporadas, sem vitórias do Nacional sobre o rival Peñarol. Dali por diante ninguém mais o segurou. Só o goleiro Manga, ex-Botafogo.

Contava Célio que o proprietário de um posto de gasolina, perto de onde treinava o Nacional, por ser torcedor do clube, ofereceu desconto aos atletas e cartolas que abastecessem o seu carro em seu estabelecimento. Um dia, quando ele enchia o taque e pediu a conta, o rapaz da bomba cobrou-lhe uma conta deixada elo Manga. Ele foi em cima do Manguinha, querendo saber que história era aquela, e ouviu:

– Célio, você é o rei de Montevidéu. Como ninguém lhe cobra nada e eu estava duro, de um migué no cara.

Célio pagou e deu um esporro no Manga. Mas este repetiu o golpe. E saiu com esta, depois de mais um esporro:

– Célio! Segura mias esta. Se tiver pênalti contra a gente, no domingo pego, pra você. E se vire lá na frente.

 Quis o destino que, os 40 do segundo tempo, houvesse um pênalti contra o Nacional. E o Manguinha foi lá catar – aos 45, Célio marcou o gol da vitória, por 1 x 0.

Quando os jogadores chegaram ao vestiário, após a peleja, Manga chegou pra Célio dizendo:

– Esta vale mais um tanque de gasolina, né?

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