Por pouco não vira pancadaria confronto na Comissão de Fiscalização e Controle, presidida pela deputada brasiliense Bia Kicis, durante depoimento do ministro dos Direitos Humanos, Sílvio Almeida.
Tudo começou quando o deputado paulista Kim Kataguiri perguntou ao ministro como e por que havia pago passagens a chamada Dama do Tráfico Luciane Barbosa Farias, esposa de um membro do Comando Vermelho, viajar de Manaus para Brasília e aparecer em seu ministério.
Sílvio Almeida irritou-se, disse que já havia respondido à questão e alegou, na época, Luciane não havia sido condenada pela Justiça e esteve e esteve em Brasília para reuniões com membros do governo federal como “representante indicada por associações” de famílias de presidiários. Só que o ministro não parou por aí. Afirmou: “eu já imaginava que o senhor não consideraria suficiente minha resposta, mas depois o senhor faz cortes para dizer que venceu o debate”.
Aí, partiu para o contra-ataque, afirmando que Kim “faz parte de um grupo que tem como algo usual fazer falas difamatórias” e que “pertence ao pior grupo do País, responsável pela deterioração do debate político no Brasil”.
Aparentemente Sílvio Almeida se referia ao chamado Vem pra Rua, movimento que organizou manifestações pedindo o impeachment da então presidente Dilma Rousseff. Diante disso, Bia Kicis virou uma fera. Acusou o ministro de violar seu papel, ao acusar deputados e grupos políticos, o que não cabia em uma visita ao parlamento.
Sílvio reagiu de novo, dizendo que “a senhora está me interrompendo”. Aí Bia partiu para o confronto. Afirmou que, sim, estava interrompendo, pois esse era seu papel como presidente da comissão.
A coisa se complicou de vez quando o também deputado Marcus Pollon, bolsonarista de Mato Grosso do Sul, perguntou a Sílvio Almeida se ele, como advogado, já tinha contatos com o Comando Vermelho ou se isso só tinha começado no ministério. Almeida avisou que isso era uma acusação criminal e que processaria Pollon.
Cabelos brancos
A partir daí, a reunião virou bagunça. Enquanto deputados de oposição aplaudiam, deputados de esquerda tentaram defender Almeida.
Ele mesmo argumentou que tinha direito de responder na condição de ministro de Estado. Bia cortou-lhe a palavra dizendo que justamente por ser ministro de estado, e não de governo, tinha de respeitar o os integrantes da comissão.
“O deputado vem me atacando e fazendo insinuações de caráter criminoso”, alegou Sílvio Almeida. Um petista da Bahia, Jorge Solla, reagiu e quis censurar a postura da deputada. Aí Bia Kicis perdeu a paciência de vez, disse que era uma vergonha “um homem da sua idade fazer isso”. Terminou dizendo que Solla devia respeitar os próprios cabelos brancos. Isso sim revoltou Solla.