Líder do governo Bolsonaro na Câmara, o deputado federal Ricardo Barros (PP-PR) “tem movimentação financeira incompatível com o patrimônio”. Quem constata é o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), por meio de relatório, que aponta ainda que os gastos de Barros também não ornam com a “a atividade econômica ou a ocupação profissional e a capacidade financeira”.
O relatório, acessado pelo jornal O Globo, traz ainda movimentações de Barros com familiares ou “estreitos colaboradores”. O deputado fez “movimentação por meio de saques, os quais dificultam identificar os beneficiários finais dos recursos”.
Barros movimentou quase R$ 170 mil (R$ 169.849,97) acima da capacidade declarada. Em março de 2021, por exemplo, as transferências do deputado somaram R$ 418 mil. O valor é 94% de todo o patrimônio líquido que o parlamentar diz possuir: R$ 446 mil.
No relatório, o Coaf analisou 13 pessoas físicas e 24 pessoas jurídicas. O órgão ouviu uma mulher apontada como administradora das contas correntes do grupo econômico, e ela afirmou que parte da movimentação é decorrente da venda de imóveis, que em sequência são destinadas a pagamentos de empréstimos contratados entre as empresas do grupo.
Barros, que é investigado pelo Ministério Público do Paraná (MP-PR) pelos crimes de corrupção passiva, crime eleitoral, crimes contra a administração pública, formação de quadrilha, fraude, lavagem de dinheiro, sonegação fiscal e lavagem eleitoral, se manifestou por meio de nota. Ele disse que as movimentações são, sim, compatíveis com a renda.
“Não há relação entre movimentação financeira e patrimônio declarado. São coisas incomparáveis. A Receita Federal inclusive já acatou a minha defesa em processo administrativo que questionava essas movimentações. Não há nada de irregular”, declarou.