Rafaella Panceri
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São Paulo — Maior exposição de bens duráveis da América Latina, a Eletrolar Show 2018 reuniu 700 marcas do Brasil e do mundo na cidade de São Paulo até a noite desta quinta-feira (26). Lá, essas indústrias e cerca de 600 lojistas (do Brasil, outros países sul-americanos e chineses) compram e vendem o que há de mais atual no varejo — eletroeletrônicos, eletrodomésticos, móveis, utilidades para o lar e celulares.
A feira, que começou na última segunda-feira (23), é uma verdadeira vitrine: mostra o que o brasileiro encontrará nas prateleiras das lojas próximos meses. As principais apostas do varejo para 2018 são a alta tecnologia aplicada ao ambiente doméstico, celulares mais baratos com configurações superiores e inteligência artificial.
Maior parte dos expositores faz parte da Associação Nacional de Fabricantes de Produtos Eletrônicos (Eletros). Juntas, as 30 empresas faturaram R$ 41 bilhões no último ano — 3,3% do PIB Industrial — e geraram 132,1 mil empregos diretos e indiretos no País.
A instituição vê o segundo semestre com otimismo. Houve aumento de 29,98% nas vendas de televisores, 20,27% nas de eletroeletrônicos em geral, 2,75% nas de eletrodomésticos de grande porte e 12,99% nas de portáteis. “O momento projeta uma possível melhora do mercado e aquecimento no consumo. É uma oportunidade ímpar para mudar o cenário de retração das vendas e do consumo”, comenta o presidente da Eletros, José Jorge do Nascimento Júnior.
Televisores
De carona na Copa do Mundo deste ano, os fabricantes de TVs venderam bastante e, no segundo semestre do ano, contam com a inovação tecnológica para sustentar o volume de vendas. A LG, consolidada no mercado brasileiro, investiu em lançamentos de quatro linhas de televisores. Eles têm tecnologia Super UHD 4K, UHD 4K, Full HD e HD, com preços entre R$ 2,7 mil e R$ 36,4 mil.
A Semp TCL, união da marca chinesa TCL com a Semp e a Toshiba, além de Alcatel e Blackberry (conhecidas dos brasileiros), foi a São Paulo para lançar tendências. No estande, expôs televisores dignos de salas de cinema — o aparelho QLED X6 custa R$ 65 mil e roubou a cena.
A marca também exibiu produtos conceito: as frame TVs — televisores que imitam quadros famosos, como a Monalisa de Leonardo Da Vinci, e só se transformam em TVs quando acionados. O estande também expôs com TVs na cor branca — tendência na Europa, mas pouco populares por aqui. Todos estão em fase de teste.
Lavadoras e fogões
Ainda no segmento de eletrodomésticos, marcas se arriscaram nas cores. A Mueller, indústria de Santa Catarina que colocou o primeiro tanquinho do Brasil no mercado nacional, lançou uma edição comemorativa do produto nas cores azul e madeira (inspirada na primeira versão do item).
Além disso, a Mueller lançou o Aquatec System, tecologia inédita que permite ao usuário controlar a entrada e a saída de água de tanquinhos. Isso evita o transbordamento e facilita o escoamento após a lavagem, porque a mangueira fica conectada ao dreno o tempo todo. O sistema está disponível para tanquinhos de 8kg e 10kg, que custam R$ 499 e R$ 529.
No ramo dos fogões, as cores foram mais diversificadas. A Dako lançou a linha Dakolors. A proposta é inserir nas lojas os fogões com quatro e cinco bocas nas cores amarelo, azul e vermelho.
Os itens seguem a tendência mais atual do segmento: são fogões de chão, mas com mesa de vidro — que fazem referência aos cooktops (fogões de balcão). Os eletrodomésticos estarão no mercado em janeiro de 2019, mas a empresa não divulgou valores.
Celulares e acessórios
No segmento de smartphones, a Multilaser renovou toda a linha de celulares intermediários — presentes nas linhas 50X e 50G. Focada na grande massa, a marca sempre apostou em produtos baratos com o máximo de qualidade possível. No entanto, o primeiro semestre foi indicativo de que o público está mais exigente: quer dispositivos com telas maiores, mais memória e itens como sensor de digitais no pacote básico.
A marca revelou com exclusividade ao JBr. que há tem um novo smartphone em fase de testes: o MS80X. O diretor executivo, Alexandre Ostrowiecki, conta que o aparelho é 20% mais leve que o primo mais velho, o MS80, tem tela de 6,2 polegadas e bateria de 3.500 mAh, além de já conter o Android 8.0 e câmera de 20MP (traseira) e 16 MP (frontal). “O preço será aproximado ao de lançamento do MS80”, garante.
O valor desse produto, em janeiro, variava entre R$ 1,14 mil e R$ 1,19 mil.
Ainda nesse tema, o sucesso entre as empresas de acessórios para celular são as baterias extras (power banks) e carregadores por indução. A marca i2GO trouxe a bateria portátil de 20.000 mAh, que carrega até 10 vezes um celular, além de um carregador por indução sem fio. Ele tem seis ímãs poderosos que permitem a fixação segura de qualquer aparelho.
Notebooks e PCs
A Positivo, principal fabricante brasileira de computadores, ofertou modelos de notebook com a tecla Netflix. Segundo a marca, a solução veio de uma demanda de mercado. O acesso ao provedor com apenas um toque estará disponível, na próxima semana, em toda a linha Positivo Motion, com opções variadas de processadores, tamanhos, cores e resolução de tela.
No segmento de PCs, a DL Games apresentou computadores voltados aos adeptos dos jogos. Com design arrojado, eles atendem ao usuário que precisa de alta performance. O diferencial é que cada computador é voltado a um game específico, entre os 20 mais populares do país, como League of Legends (LOL), Minecraft e Dota 2. As máquinas devem chegar ao consumidor final por valores entre R$ 2 mil e R$ 11 mil.
Mobilidade
A Caloi, tradicional marca de bicicletas há 120 anos no Brasil, levou à Eletrolar Show 2018 um exemplar de bike elétrica. Tendência fora do país, ela é a aposta da marca para o próximo ano. A ideia é criar, até lá, um modelo acessível a todos os bolsos, com valor sugerido de cerca de R$ 4 mil. As bikes elétricas encontradas no mercado podem custar mais de R$ 10 mil.
Drones e casas inteligentes
Os viajantes e apaixonados por passeios ao ar livre ganharam um drone especial, lançado na Eletrolar Show 2018. A DJI, mundialmente conhecida por fabricar os equipamentos, apresentou o Mavic Air. Indicado para uso pessoal, ele filma e fotografa em 4K e tem modos inteligentes de captura de imagem.
A Alfacomex, distribuidora de acessórios, apostou na tecnologia dentro das casas. Pensando em automação residencial, que possibilita ao usuário acionar equipamentos, janelas e portões à distância, a empresa quer tornar essa facilidade mais acessível (Veja vídeo).
Em vez de pagar milhares de reais pela automação da residência, o usuário pode comprar pequenos aparelhos e instalá-los em dispositivos de seu interesse — todos compatíveis com o HomeKit da Apple. Com essa tecnologia, é possível controlar vários dispositivos com apenas um aplicativo.
A marca trouxe a São Paulo a sexta geração das lâmpadas inteligentes Hue, da Philips, a fechadura Smart Sense, da Schlage, sensores de porta e janela fabricados pela polonesa Fibaro e a Omna — câmera da D-Link que filma em 180º, Full HD, com microfone bidirecional (que permite teleconferências).
Além disso, expôs os módulos relê (single switch). Qualquer um pode comprar os aparelhos por cerca de R$ 630 e instalá-los dentro da caixa de energia. Ao conectar um dispositivo na tomada, ele se torna “inteligente”. Uma cafeteira comum, por exemplo, pode ser ligada e desligada com o celular.
Criptomoedas
A Eletrolar Show 2018 também apresentou as principais novidades em equipamentos para a indústria de mineração das criptomoedas (moedas digitais). Empresas que fabricam máquinas de armazenamento de ativos digitais (carteiras de hardware) mostraram as novidades aos varejistas.
A Trezor levou ao estande a carteira Trezor T, com tela sensível ao toque, entrada USB e espaço para cartão de memória. Além de armazenar moedas digitais como bitcoins, ela serve como gerenciador de senhas. A Cybercell Communication, com sede em Hong Kong, levou mineradoras de criptomoedas da Bitmain e robôs de telepresença.
Já utilizados no setor médico, eles substituem a presença humana: se uma pessoa está doente, pode ficar em casa enquanto o robô vai ao trabalho e participa de reuniões, por exemplo. O usuário tem acesso a imagens e áudio pela internet, ao vivo.
Saiba mais
A China tem espaço próprio no evento e trouxe diversos representantes das indústrias do país. Nos estandes, os visitantes podem negociar de tudo: smartphones, acessórios para os celulares, utensílios domésticos e eletroeletrônicos.
O intercâmbio, patrocinado pelo Ministério do Comércio chinês, acontece em um contexto em que as transações econômicas bilaterais só crescem — de 2017 para 2018, o incremento foi de 18,1%. De janeiro a maio deste ano, esse comércio gerou US$ 50 bilhões.
Outro pavilhão internacional da feira Eletrolar Show 2018 é dedicado à América Latina. O Latin American Electronics International Trade Show deu destaque a eletroeletrônicos, eletroportáteis, dispositivos vestíveis (wearables) como relógios e pulseiras inteligentes e acessórios de TI.