{"id":1909595,"date":"2021-05-30T11:10:26","date_gmt":"2021-05-30T14:10:26","guid":{"rendered":"https:\/\/jornaldebrasilia.com.br\/?p=1909595"},"modified":"2021-05-30T11:10:32","modified_gmt":"2021-05-30T14:10:32","slug":"em-falta-chips-sao-disputados-globalmente","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/jornaldebrasilia.com.br\/noticias\/economia\/em-falta-chips-sao-disputados-globalmente\/","title":{"rendered":"Em falta, chips s\u00e3o disputados globalmente"},"content":{"rendered":"\n<p>O problema da falta global de semicondutores &#8211; que tem parado a ind\u00fastria automotiva em todo o mundo, incluindo no Brasil, e muitos achavam que poderia ser resolvido at\u00e9 o fim do ano &#8211; est\u00e1 longe de ter uma solu\u00e7\u00e3o. &#8220;Ainda n\u00e3o temos visibilidade de quando a produ\u00e7\u00e3o deve ser normalizada, e nos parece mais prov\u00e1vel que a situa\u00e7\u00e3o se estenda para outras \u00e1reas da economia antes que uma solu\u00e7\u00e3o seja alcan\u00e7ada&#8221;, diz um relat\u00f3rio da Kinea Investimentos, gestora de recursos independente que faz parte do grupo Ita\u00fa.<\/p><div class=\"pub_interna\"><script src=\"\/\/api.grumft.com\/gt\/ZONA_IAB_300x250_2\/ed3254b23ac0085624ac008a57707228.js\"><\/script><\/div>\n\n\n\n<p>Recentemente, at\u00e9 a Intel, uma das maiores fabricantes do produto, admitiu que ser\u00e3o necess\u00e1rios &#8220;alguns anos&#8221; para a ind\u00fastria se reequilibrar. &#8220;Temos alguns anos at\u00e9 que possamos atender essa demanda crescente&#8221;, disse o presidente da empresa, Pat Gelsinger, para o canal de TV americano CBS. Especialistas falam em pelo menos dois anos de escassez.<\/p>\n\n\n\n<p>Com a alta demanda por processadores, que deve continuar subindo com o r\u00e1pido desenvolvimento tecnol\u00f3gico, e a demora para a constru\u00e7\u00e3o de novas f\u00e1bricas, pre\u00e7os de produtos como celulares podem aumentar 15%, segundo a consultoria KPMG (ler mais abaixo). Por outro lado, o problema tem impulsionado o setor no mercado financeiro. As a\u00e7\u00f5es da maior produtora de chips do mundo, a Taiwan Semiconductor Manufacturing (TSMC), subiram 130% nos \u00faltimos 12 meses.<\/p>\n\n\n\n<p>O gestor de a\u00e7\u00f5es globais da Kinea, Ruy Alves, conta que, desde o fim de 2020, tem ampliado os investimentos n\u00e3o s\u00f3 nas produtoras de semicondutores como nas companhias que fornecem equipamentos para elas, dado que novas f\u00e1bricas ser\u00e3o necess\u00e1rias nos pr\u00f3ximos anos.<\/p>\n\n\n\n<p>Para Alves, o gargalo no segmento dos chips mais modernos, usados em celulares e cuja venda tem maior lucratividade, deve durar at\u00e9 2022. Na Samsung, por exemplo, a chegada de um novo modelo de celular ao mercado atrasou globalmente devido \u00e0 falta dos semicondutores, segundo noticiou a imprensa coreana. Em nota, a companhia informou estar &#8220;fazendo todos os esfor\u00e7os para mitigar qualquer poss\u00edvel impacto&#8221; e &#8220;trabalhar ativamente com nossos parceiros para superar quaisquer desafios de fornecimento&#8221;. A empresa destacou, por\u00e9m, que seus \u00faltimos modelos j\u00e1 est\u00e3o dispon\u00edveis no Brasil.<\/p>\n\n\n\n<p>No caso dos chips menos sofisticados, que s\u00e3o utilizados na fabrica\u00e7\u00e3o de cafeteiras, por exemplo, a normaliza\u00e7\u00e3o deve levar ainda mais tempo. &#8220;N\u00e3o h\u00e1 previs\u00e3o. Nessa \u00e1rea, a ind\u00fastria \u00e9 muito segmentada e o problema deve ser resolvido depois&#8221;, diz Alves.<\/p>\n\n\n\n<p>Apesar de diferentes fatores terem contribu\u00eddo para a escassez de semicondutores, foi a pandemia que deixou claro que a cadeia de abastecimento global do produto \u00e9 fr\u00e1gil. Chips min\u00fasculos que est\u00e3o em qualquer dispositivo eletr\u00f4nico hoje &#8211; de celulares a avi\u00f5es -, os semicondutores passaram a ser disputados globalmente quando a quarentena aumentou a demanda por computadores, celulares e videogames. Do lado da oferta, as interrup\u00e7\u00f5es do trabalho em f\u00e1bricas decorrentes da quarentena tamb\u00e9m geraram essa crise industrial.<\/p><div class=\"pub_interna\"><script src=\"\/\/api.grumft.com\/gt\/ZONA_IAB_300x250_3\/ed3254b23ac0085624ac008a57707228.js\"><\/script><\/div>\n\n\n\n<p>Um dos pontos cr\u00edticos na cadeia dos semicondutores \u00e9 a concentra\u00e7\u00e3o da produ\u00e7\u00e3o em Taiwan. Uma \u00fanica empresa &#8211; a TSMC &#8211; \u00e9 respons\u00e1vel por 84% da produ\u00e7\u00e3o dos menores e mais modernos chips do mundo. Com um faturamento de US$ 48 bilh\u00f5es (R$ 250 bilh\u00f5es) em 2020, ela det\u00e9m uma tecnologia que nenhuma de suas concorrentes &#8211; a coreana Samsung e a americana Intel &#8211; consegue copiar atualmente.<\/p>\n\n\n\n<p>Quando a maior seca dos \u00faltimos 46 anos atingiu Taiwan no ano passado, a produ\u00e7\u00e3o nas plantas locais da companhia teve de ser reduzida. Isso porque as f\u00e1bricas de chips utilizam um grande volume de \u00e1gua.<\/p>\n\n\n\n<p>Al\u00e9m de a oferta ter diminu\u00eddo por causa da seca e das paralisa\u00e7\u00f5es provocadas pela pandemia, a demanda tamb\u00e9m aumentou com a China estocando processadores em larga escala. Pequim n\u00e3o s\u00f3 se precaveu \u00e0 poss\u00edvel escassez decorrente da quarentena como tamb\u00e9m optou por expandir os estoques para se prevenir em meio \u00e0 guerra comercial com os EUA.<\/p><div class=\"pub_interna\"><script src=\"\/\/api.grumft.com\/gt\/ZONA_IAB_300x250_4\/ed3254b23ac0085624ac008a57707228.js\"><\/script><\/div>\n\n\n\n<p>J\u00e1 neste ano, quando ao menos a covid-19 deu uma tr\u00e9gua na \u00c1sia, uma f\u00e1brica de semicondutores pegou fogo no Jap\u00e3o. A planta fornecia chips para a ind\u00fastria automobil\u00edstica.<\/p>\n\n\n\n<h3 class=\"wp-block-heading\" id=\"h-futuro\">Futuro<\/h3>\n\n\n\n<p>N\u00e3o bastassem todos esses problemas, analistas afirmam que a disputa pol\u00edtica e econ\u00f4mica entre China e EUA amea\u00e7a o abastecimento futuro dos semicondutores. Taiwan diz ser independente da China desde a Revolu\u00e7\u00e3o Chinesa de 1949. A maioria dos pa\u00edses e organismos internacionais, por\u00e9m, n\u00e3o reconhece a independ\u00eancia do territ\u00f3rio, que tem um acordo de prote\u00e7\u00e3o militar com os EUA.<\/p>\n\n\n\n<p>Nos \u00faltimos meses, a tens\u00e3o entre Taipei e Pequim se intensificou, com ca\u00e7as chineses invadindo o espa\u00e7o a\u00e9reo do inimigo e a chegada de um porta-avi\u00f5es americano \u00e0 regi\u00e3o. A revista The Economist afirmou que Taiwan \u00e9 hoje o lugar mais perigoso da Terra e que uma guerra no pa\u00eds seria uma cat\u00e1strofe n\u00e3o s\u00f3 em termos humanos, mas tamb\u00e9m econ\u00f4micos &#8211; tudo por causa dos chips.<\/p>\n\n\n\n<p>Nos EUA, as gigantes de tecnologia, que sofrem com a falta de semicondutores, t\u00eam pressionado o governo para liberar financiamento para a constru\u00e7\u00e3o de f\u00e1bricas de semicondutores. O programa de US$ 2,3 trilh\u00f5es de investimentos em infraestrutura do presidente Joe Biden prev\u00ea US$ 50 bilh\u00f5es para a ind\u00fastria de chips.<\/p>\n\n\n\n<p>Para o consultor Marcio Kanamaru, s\u00f3cio da KPMG, o Brasil deveria pensar em alguma pol\u00edtica semelhante. &#8220;Se o Pa\u00eds quer evoluir globalmente, precisa de uma pol\u00edtica industrial que traga essas f\u00e1bricas. Isso \u00e9 essencial para o futuro. Pode ser que nem todas as f\u00e1bricas sejam acomodadas nos EUA. A\u00ed o Brasil poderia ser uma op\u00e7\u00e3o.&#8221;<\/p>\n\n\n\n<p>Kanamaru afirma que o problema da escassez dos chips pode ser minimizado at\u00e9 o in\u00edcio do ano que vem, mas n\u00e3o resolvido. &#8220;Se tudo for acelerado e f\u00e1bricas come\u00e7arem a ser constru\u00eddas no pr\u00f3ximo semestre, ser\u00e3o necess\u00e1rios pelo menos dois anos para a situa\u00e7\u00e3o come\u00e7ar a se normalizar. Talvez f\u00e1bricas menores possam ser constru\u00eddas rapidamente para atender a demandas emergenciais.&#8221;<\/p>\n\n\n\n<h3 class=\"wp-block-heading\" id=\"h-alta-no-valor\">Alta no valor<\/h3>\n\n\n\n<p>A falta de semicondutores em todo o mundo pressiona as empresas brasileiras que montam as placas eletr\u00f4nicas usadas hoje por praticamente qualquer equipamento eletr\u00f4nico. Elas relatam aumento de pre\u00e7os que se aproximam de 280% e atraso de at\u00e9 seis meses na entrega das mat\u00e9rias-primas.<\/p>\n\n\n\n<p>Na Standard America, que tem f\u00e1brica em Campinas e produz placas utilizadas pelas ind\u00fastrias automotiva, agr\u00edcola, aeron\u00e1utica e m\u00e9dica, as linhas de produ\u00e7\u00e3o tiveram de ser desligadas e religadas diversas vezes entre janeiro e mar\u00e7o. &#8220;Teve semana que ficavam paradas um dia, em outra, quatro dias, sempre \u00e0 espera de componente&#8221;, diz o presidente da empresa, Hidalgo Dal Colletto. &#8220;Agora, tamb\u00e9m estamos tendo muito desafio de compra. O mercado est\u00e1 de ponta cabe\u00e7a.&#8221;<\/p>\n\n\n\n<p>Segundo Dal Colletto, semicondutores que antes da pandemia custavam R$ 1,80 agora s\u00e3o vendidos a R$ 6,80, uma alta de 278%. Na m\u00e9dia, por\u00e9m, os reajustes ficam em 30%. O empres\u00e1rio afirma estar repassando esse aumento aos clientes.<\/p>\n\n\n\n<p>Para o consultor Marcio Kanamaru, da KMPG no Brasil, esse incremento no pre\u00e7o dos componentes deve chegar \u00e0 popula\u00e7\u00e3o tamb\u00e9m, mas de forma mais moderada. &#8220;H\u00e1 uma expectativa de aumento de at\u00e9 25% nos semicondutores neste semestre. Isso vai elevar a press\u00e3o sobre os fabricantes de celulares, que j\u00e1 t\u00eam buscado in\u00fameras efici\u00eancias operacionais para n\u00e3o repassar os aumentos aos clientes. Mas eles ter\u00e3o de repassar pelo menos uma parte, chegando a uma estimativa de aumento em at\u00e9 uns 15% nos celulares e eletr\u00f4nicos.&#8221;<\/p>\n\n\n\n<p>Al\u00e9m de mais caros, os componentes tamb\u00e9m demoram mais para chegar. Segundo Dal Colletto, os atrasos come\u00e7aram h\u00e1 dez meses e, agora, o que era entregue por distribuidores em dois dias precisa de 180 dias. Quanto mais espec\u00edfico for o chip, maior o prazo de entrega.<\/p>\n\n\n\n<p>Dal Colletto conta que os fornecedores n\u00e3o d\u00e3o prazo para regulariza\u00e7\u00e3o, mas ele trabalha com a hip\u00f3tese de come\u00e7ar a ver uma normaliza\u00e7\u00e3o apenas no in\u00edcio de 2023.<\/p>\n\n\n\n<p>Com f\u00e1brica em Manaus e produ\u00e7\u00e3o voltada sobretudo para as operadoras de telecomunica\u00e7\u00e3o, a Flex Industries passou a encomendar pe\u00e7as com um ano de anteced\u00eancia &#8211; antes eram precisos seis meses. &#8220;Tem fornecedor que garante o abastecimento e, na data de entrega, diz que n\u00e3o vai cumprir com o prazo&#8221;, diz o diretor comercial da empresa, Decio Libertini.<\/p>\n\n\n\n<p>Na Flex, linhas de produ\u00e7\u00e3o tamb\u00e9m foram interrompidas por alguns dias entre novembro e janeiro devido \u00e0 falta de semicondutores e hoje a empresa paga, em m\u00e9dia, 20% a mais pelas pe\u00e7as. &#8220;O preju\u00edzo \u00e9 de milh\u00f5es&#8221;, acrescenta Libertini.<\/p>\n\n\n\n<h3 class=\"wp-block-heading\" id=\"h-crise-geral\">Crise geral<\/h3>\n\n\n\n<p>O presidente executivo da Associa\u00e7\u00e3o Brasileira da Ind\u00fastria El\u00e9trica e Eletr\u00f4nica (Abinee), Humberto Barbato, destaca que todos os segmentos do setor est\u00e3o sofrendo. As empresas mais afetadas s\u00e3o as que cancelaram encomendas no in\u00edcio da pandemia, imaginando que a demanda demoraria para retornar, como as montadoras. &#8220;Essas foram para o fim da fila. Inform\u00e1tica e telecomunica\u00e7\u00f5es tamb\u00e9m est\u00e3o sofrendo, mas menos, porque a demanda foi menor no ano passado.&#8221;<\/p>\n\n\n\n<p>O executivo diz n\u00e3o ser poss\u00edvel precisar quando haver\u00e1 uma normaliza\u00e7\u00e3o. &#8220;Deveremos ter esse problema, mas em uma situa\u00e7\u00e3o menos grave, por dois anos, pelo menos. \u00c9 uma ind\u00fastria que exige investimento alto e poucos det\u00eam a tecnologia.&#8221;<\/p>\n\n\n\n<p>Apesar de a maior parte dos especialistas prever que o problema \u00e9 de longo prazo, as montadoras de carros esperam n\u00e3o enfrentar mais paralisa\u00e7\u00f5es por causa da falta de semicondutores a partir de 2022.<\/p>\n\n\n\n<p>&#8220;O componente \u00e9 sofisticado e tem casos de ter 600 semicondutores em um determinado autom\u00f3vel. \u00c9 poss\u00edvel acontecer (novas paralisa\u00e7\u00f5es) no segundo semestre, mas a gente espera ter um sistema mais estabilizado at\u00e9 o fim do ano&#8221;, disse o presidente da Associa\u00e7\u00e3o Nacional dos Fabricantes de Ve\u00edculos Automotores (Anfavea), Luiz Carlos Moraes, no in\u00edcio do m\u00eas.<\/p>\n\n\n\n<p>Desde o come\u00e7o do ano, f\u00e1bricas da Fiat, da GM, da Honda e da Volkswagen pararam linhas de montagem por n\u00e3o ter os disputados componentes. Toyota, Volvo, Renault e Mercedes-Benz tiveram paradas pontuais e redu\u00e7\u00e3o ou atraso de produ\u00e7\u00e3o. As informa\u00e7\u00f5es s\u00e3o do jornal O Estado de S. Paulo.<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"<p>A Intel admitiu que ser\u00e3o necess\u00e1rios &#8220;alguns anos&#8221; para a ind\u00fastria se reequilibrar, pre\u00e7os de celulares podem aumentar 15%<\/p>\n","protected":false},"author":200,"featured_media":1845101,"comment_status":"open","ping_status":"open","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":{"_acf_changed":false,"inline_featured_image":false,"footnotes":""},"categories":[38],"tags":[1196,241,243892,1198,3031,745],"acf":[],"yoast_head":"<!-- This site is optimized with the Yoast SEO Premium plugin v22.4 (Yoast SEO v22.4) - https:\/\/yoast.com\/wordpress\/plugins\/seo\/ -->\n<title>Em falta, chips s\u00e3o disputados globalmente - Jornal de Bras\u00edlia<\/title>\n<meta name=\"description\" content=\"A Intel admitiu que ser\u00e3o necess\u00e1rios &quot;alguns anos&quot; para a ind\u00fastria se reequilibrar, pre\u00e7os de celulares podem aumentar 15%\" \/>\n<meta name=\"robots\" content=\"index, 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