Camilla Sanches
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Ahistória do flautista, saxofonista, pianista, compositor, arranjador e maestro Alfredo da Rocha Vianna Filho, o Pixinguinha, será contada de hoje até o próximo dia 6 de maio na Galeria 2 e no Pavilhão de Vidro do Centro Cultural Banco do Brasil (Setor de Clubes Sul), em exposição que leva o seu nome e tem entrada franca. A mostra é inédita e estreia em Brasília sob a curadoria da pesquisadora Lu Araújo, em parceria com Marcelo Vianna, neto do homenageado, e o maestro Caio Cezar, diretor musical do projeto.
“Pesquiso a vida dele desde o ano de 1998 e, em 2008, o trabalho se intensificou a partir de cada recorte que fazia na vida pessoal e na carreira de Pixinguinha”, conta a curadora, que entrou nesta empreitada a convite da família do músico. “Fui procurada por eles ainda em 1997, para pensar a sua história e sua obra”, lembra.
O desafio, segundo Lu, é ampliar a visão do público sobre o que artista produziu. Para ela, a obra de Pixinguinha vai muito além do que se tem conhecimento até esta exposição. O material é tão vasto que, no decorrer desse processo, cinco outros produtos foram lançados, entre eles a Série Pixinguinha (coleção com três discos), de 2009, e o livro Pixinguinha – O Gênio e Seu Tempo, que terá evento especial na exposição. O dia não foi definido, mas a curadora planeja para 24 de abril, um dia após a data em que o maestro carioca completaria 115 anos.
“É um personagem apaixonante. Sou ligada à música brasileira, sobretudo música instrumental, e me apaixonei por ele, que é fundamental para nossa cultura”, considera a curadora, produtora da Mostra Internacional de Música de Olinda (Mimo). “Ele nasce no início da República, observa mudanças estéticas e passa por isso com papel de liderança, além do que ele foi precoce.” Aos 14 anos, Pixinguinha já gravava num estúdio.
Para contar a trajetória do compositor, a exposição foi dividida em 12 salas (veja detalhes no Saiba +), distribuídas de forma cronológica, com variações de anos entre um espaço e outro. A mostra inclui objetos pessoais, instrumentos musicais como uma réplica da primeira flauta – que ganhou do pai e foi roubada – vinda dos Estados Unidos, do mesmo modelo e marca, o sax e a outra flauta usados por ele até o fim da vida.
Acervo de amigos
Esses materiais, entre outros, foram conseguidos em acervo de amigos e pessoas que conviveram com o artista ao longo da vida. “Pesquisar ele é pesquisar todo um Brasil, todo um Rio de Janeiro”, pontua. Para Lu Araújo, é impossível falar de Pixinguinha sem lembrar de artistas como Vinícius de Moraes e Donga, para citar alguns dos que aparecem na exposição.
A mostra apresenta, ainda, objetos, fotos, vídeos, áudios e imagens cedidos por coleções públicas e particulares, como a do Museu da Imagem e do Som (MIS), Fundação Biblioteca Nacional, Arquivo Nacional, Instituto Moreira Salles, Museu Villa-Lobos e Coleção G. Ermakoff.
Para a abertura da exposição, o CCBB realiza o primeiro CCBB em Concerto, o projeto que faz, em sua edição inaugural a apresentação do Pixinguinha Sinfônico, hoje, às 20h, na Sala Villa-Lobos do Teatro Nacional Claudio Santoro (ao lado da Rodoviária do Plano Piloto). A Orquestra Sinfônica do Teatro Nacional, sob a regência do maestro Claudio Cohen, vai apresentar um conjunto de peças sinfônicas escritas pelo compositor para Carinhoso, Stela e Rancho Abandonado. O bandolinista Hamilton de Holanda, o saxofonista Carlos Malta e a flautista Odette Ernest Dias também participam da homenagem a Pixinguinha. A entrada é franca.
Pixinguinha – De hoje a 6 de maio, no Pavilhão de Vidro e Galeria 2 do Centro Cultural Banco do Brasil (Setor de Clubes Sul). Visitação de terça-feira a domingo, das 9h às 21h. Mais informações: 3108-7600. Entrada franca.