Mariana Vieira
Especial para o Jornal de Brasília
Após seis dias de mostra competitiva, cinco oficinas, quatro mostras paralelas, três seminários e outras atividades, o 45º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro chega ao fim, com a premiação dos vencedores hoje a noite e algumas peculiaridades. “A edição deste ano foi atípica em função dessa mudança do Cine Brasília (em reforma desde maio) para o Teatro Nacional. Houve o receio quanto à recepção do público”, diz Sérgio Fidalgo, coordenador do evento.
Apesar de, até o fechamento desta edição, não ter números oficiais, ele comemora o sucesso do festival: “A sala Villa-Lobos tem quase o dobro de espaço do Cine Brasília e tivemos sessões quase lotadas”, diz. Quem frequentou todos os dias pôde perceber a adesão maior do público no final de semana. “Nós, da organização, sabemos que é mais complicado para o público comparecer e ficar até o final (as sessões passaram da meia-noite). Reconhecemos o esforço”, diz.
Além da mudança de local da mostra competitiva, o festival também seguiu o modelo de descentralização, iniciado no ano passado, com exibições em Taguatinga, Ceilândia, Sobradinho e Gama. Sobre a iniciativa, Sérgio não considera que exista uma preocupação com números. “Sabe-se que é um investimento para o futuro, que é um público a se conquistar. Não podemos esperar a lotação daquelas salas”, acredita.
opiniões
Outra mudança que foi sentida este ano foi a separação dos gêneros documentário e ficção, que foram divididos em sessões às 19h e 21h, respectivamente. E isso não agradou a todos. “Acho que foi um erro. Essa divisão cria uma hierarquia na qual a ficção é mais relevante, o que vai na contramão do que está sendo feito no resto do mundo”, opina o cineasta brasiliense Adirley Queirós, que este ano participou do seminário de tendências do cinema contemporâneo.
Adirley também critica a mudança de local, que acredita ser prejudicial na qualidade de exibição. “O Teatro Nacional não é um bom lugar para passar filme. A estrutura tem um problema de som muito difícil de contornar, além do desconforto dos assentos”.
Outro fator apontado pelos frequentadores do festival foi a formalidade do espaço. “As poltronas são péssimas, a projeção está abaixo da crítica e perdemos um pouco do clima de festival. É uma pena”, lamenta o diretor Gustavo Galvão, diretor do filme Uma Dose Violenta de Qualquer Coisa, com previsão de lançamento para 2013.