Único representante de Brasília na vigésima edição do Cine PE, Gramatyka fez sua estreia nacional proporcionando uma experiência sensorial a quem esteve presente na última noite de mostra competitiva do festival exibido no Cinema São Luiz, em Recife.
O primeiro curta de ficção solo da cineasta Paloma Rocha, filha de Glauber Rocha, se inicia com uma representação experimental de Alegoria da Caverna, de Platão, e encanta pela mistura de delicadeza e força de suas personagens.
Sem diálogos, a história é contada por meio da dança e das expressões corporais da premiada atriz Helena Ignez (mãe da cineasta baiana), e das dançarinas Maura Baiocchi e Alda Maria Abreu. Uma obra atmosférica, “rodada em apenas um dia numa caverna do Parque Lage, no Rio de Janeiro”, que a diretora apresentou no palco do festival como sendo “uma experiência sensorial estética sobre o delírio e a inquietação”.
A trilha sonora conta com a participação do saudoso percussionista Naná Vasconcelos. “Dedico essa sessão a Naná, que foi a inspiração do roteiro. Fiquei sabendo da seleção do filme no festival (Cine PE) no dia em que ele faleceu. E acho que isso tem algum significado”, finalizou a cineasta.
Carreira
A primeira experiência de Paloma no cinema foi em A Idade da Terra (1980), de Glauber Rocha. A atriz, produtora e cineasta desenvolve importante trabalho sobre o legado deixado pelo pai, tendo dirigido vários filmes sobre a obra daquele que foi um dos responsáveis pelo Cinema Novo, como Abry (2003), Retrato da Terra (2004), Glauber Rocha (2004), Depois do Transe (2005) e Anabazys (2007), todos em parceria do cineasta Joel Pizzini. Paloma também é responsável pelos filmes Alvorada Segundo Krizto (1987); Notícias de Paulo Emílio (1988); Fantasia Triunfal (1988) e Narrar-te (1989).
Umas das homenageadas do festival, a diretora Carla Camurati (Carlota Joaquina) não pôde comparecer ao evento. Em nota, a organização do Cine PE justificou a ausência por motivo de saúde e lamentou o cancelamento.
Saiba mais
A última edição do Cine PE ocorreu sem muitos contratempos. Desde segunda-feira passada, primeiro dia de evento, foram exibidos na telona do Cinema São Luiz 24 produções, com sessões quase sempre lotadas.
A repórter viajou a convite da organização do Cine PE