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Arquivo Geral

02/04/2013 8h49

Em entrevista ao Jornal de Brasília, o brasiliense Bruno Torres fala sobre os bastidores do longa-metragem Somos Tão Jovens e Fê Lemos, seu personagem na produção. Para entrar no clima do filme, que estreia nos cinemas em 3 de maio, ele passou a fazer camisetas em serigrafia, assim como o baterista fazia na vida real. “Isto me aproximou muito do personagem. Quando eu estava no set, falava que queria me aproximar do Fê. Me afastava daquelas conversas e fazia roupas ali”, revela. O artista também contou sobre sua carreira e próximos projetos.

 

Como foi seu preparo para interpretar Fê Lemos?

Não foi mole. Passei por várias etapas. Foi uma pesquisa de campo e familiarização. Tivemos o preparo musical, que tínhamos que pegar a maneira de se tocar na época, porque as versões eram diferentes. Também consegui conversar algumas vezes com o Fê, mas ele estava com o tempo reduzido por conta da agenda do Capital Inicial. Fiz tudo para ter o Fê em mãos, que era um antagonista não muito fácil de engolir. Ele, em sua essência bondosa, tem suas impulsividades. Não é à toa que foi pelo excesso de liderança dele e do Renato que o Aborto Elétrico ruiu. Todas estas questões estão abordadas no filme. A dona Carminha (mãe de Renato Russo) passou para nós os cadernos com os escritos do Renato. Era muito interessante porque ele escrevia algumas impressões sobre o Fê. Este processo durou cerca de três meses.

 

Você já interpretou alguém que ainda está vivo?

Não, é a primeira vez. Para mim foi muito interessante pelas proximidades que tinha comigo. Somos ambos nascidos em Brasília, estudamos bateria, tocamos em bandas e lugares da cidade. Passei minha pré-adolescência fazendo isso. Ele tinha um pai que era professor da UnB, e eu também. Inclusive depois descobrimos que eles se conheciam, e que a Helena, irmã dele, fez um filme do meu pai, que também é diretor de cinema. E vi que, por meio deste personagem, estou revivendo meu passado. Eu não sabia de nada disso. Parecia que eu estava canalizando uma energia.

 

Fale mais sobre estas descobertas.

Elas foram também para o lado pessoal. Reviver a música em minha vida foi muito forte porque quando parei de tocar, em 1998, eu estava trabalhando com o Hugo Rodas e fazia parte da Cia. Dos Sonhos. E eu não podia mais ser músico. Não dava para atrapalhar a banda e o grupo. Abandonei para viver o teatro e o cinema. 

 

Como você espera que o filme seja recebido?

O que a gente quer é que o filme tenha o maior sucesso possível de bilheteria, que é muito importante para o cinema brasileiro. Espero que a crítica entenda o recorte do (diretor) Fontoura. Você não reproduz a vida de uma pessoa em uma hora e meia. É preciso criar um recorte. É um filme mais voltado para o público jovem, sobre o Renato Manfredini Junior, antes de ele ser o Renato Russo. É sobre como surgiu o Legião Urbana, a turma de Brasília, e este movimento pós-ditadura.

 

Você dirigiu o DVD da cantora Andréa dos Santos. Como foi e quando fica pronto?

Está em finalização. Para eu fazer algo externo de mim, ela tem que ter muito a ver comigo. É como se eu tivesse encontrado o que eu vim fazer na Terra. E se trata do universo dela. Tive um imenso prazer em ajudá-la a criar este universo e se entender. A arte serve para isto, para a gente se conhecer. Fizemos um trabalho bonito. Ainda não tem data definida para lançamento. 

 

No que você está trabalhando atualmente?

O primeiro longa que está por vir é À Espera de Liz, que fala sobre o amor narrado pela perspectiva da ausência. Será filmado ano que vem, no Amapá. Há também O Homem Cão. Vou interpretar e dirigir. O meu segundo longa, Terra de Cegos, está com o roteiro em produção, e fala sobre a atuação dos madeireiros ilegais na Amazônia e o desmatamento em si. Estou com a possibilidade de fazer um projeto internacional, para o segundo semestre.

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