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Cinema com ela
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Truque de Mestre: O 3º Ato transforma a mágica em espetáculo digital e perde o encanto

Novo capítulo da franquia estreia nesta quinta-feira (13), apostando em truques tecnológicos, jovens ilusionistas e um visual grandioso que nem sempre convence

Tamires Rodrigues

13/11/2025 5h00

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Foto: Divulgação/Paris Filmes


“Truque de Mestre: O 3º Ato” tenta repetir a fórmula que fez da franquia um sucesso improvável, com ritmo frenético, planos mirabolantes e a constante sensação de estar sempre um passo à frente do espectador. Desta vez, porém, a mágica se esgota antes do aplauso final. O novo longa de Ruben Fleischer, que chega às telonas nesta quinta-feira (13), troca o mistério engenhoso pelo espetáculo digital, e o resultado é um truque de ilusionismo que, embora visualmente chamativo, carece do encanto original.

Desde o início, a trama se enreda em sua própria ambição. O grupo de mágicos, agora dividido entre veteranos e novatos, enfrenta uma rede criminosa com raízes em uma guerra secular. A mistura de realismo fantástico e geopolítica soa grandiosa, mas também confusa. O filme promete uma batalha épica entre o poder e a ilusão, mas o roteiro, em vez de surpreender, transforma o impossível em inverossímil.

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Foto: Divulgação/Paris Filmes

Ainda assim, há lampejos de criatividade. A nova geração, liderada por Justice Smith, Dominic Sessa e Ariana Greenblatt, traz fôlego e um senso de rebeldia que faltava aos capítulos anteriores. O trio funciona bem em contraste com os veteranos, especialmente Jesse Eisenberg e Woody Harrelson, que mantêm o carisma e o sarcasmo característicos. A combinação entre truques clássicos e tecnologia de ponta rende momentos interessantes, mesmo quando a história tropeça nas próprias ilusões.

Rosamund Pike, no papel da vilã Veronika, é um dos grandes acertos da produção. Com presença calculada e olhar de gelo, ela se encaixa perfeitamente no universo de trapaças e reviravoltas. É uma pena que o roteiro não aproveite melhor seu talento, preferindo correr de cena em cena como um mágico nervoso prestes a ser desmascarado. O mesmo ocorre com os coadjuvantes, todos bem escalados, mas usados de maneira apressada.

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Foto: Divulgação/Paris Filmes

O ponto mais frágil do longa é justamente aquele que deveria ser sua força: o espetáculo visual. Fleischer confia tanto nos efeitos digitais que esquece o fascínio do truque analógico, o close nas mãos, o olhar do público, o tempo da revelação. Quando tudo é feito por computação, a mágica deixa de ser ilusão e se torna apenas simulação. O CGI substitui o mistério, e o resultado é uma beleza vazia.

Em termos de ritmo, o filme tenta compensar a falta de coesão com velocidade. Há perseguições que lembram videogames, planos mirabolantes que soam como fanfics de espionagem e diálogos escritos para uma plateia já convencida da genialidade dos personagens. O problema é que, sem a elegância do engano, o truque perde a graça. O público vê a carta escondida antes do prestígio final.

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Foto: Divulgação/Paris Filmes

Mesmo com seus deslizes, “Truque de Mestre: O 3º Ato” ainda diverte. A franquia sempre se apoiou no prazer da manipulação, e há algo cativante em ser enganado com estilo. Quando o filme abandona suas ambições messiânicas e apenas brinca com a ideia de ilusão, reencontra parte de sua identidade. O riso rápido e o deslumbre momentâneo ainda funcionam, mesmo que durem menos do que um passe de mágica.

Conclusão

No fim, o longa evidencia a fragilidade de um cinema que quer ser mais do que entretenimento, mas esquece que a mágica está justamente em entreter. “Truque de Mestre: O 3º Ato” é o exemplo perfeito de um truque bem ensaiado, mas mal apresentado. O coelho sai da cartola, o público aplaude e, ainda assim, a sensação é de que já vimos esse número antes.

Confira o trailer:

Ficha Técnica
Direção:
Ruben Fleischer;
Roteiro: Michael Lesslie;
Elenco: Jesse Eisenberg, Woody Harrelson, Dave Franco, Isla Fisher, Justice Smith, Rosamund Pike, Ariana Greenblatt, Dominic Sessa, Morgan Freeman;
Gênero: Ação, Mistério, Suspense;
Duração: 112 minutos;
Distribuição: Paris Filmes;
Classificação indicativa: 12 anos;
Assistiu à cabine de imprensa a convite da Espaço Z

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