Entre os dias 7 e 14 de setembro, Brasília recebe a quinta edição do Festival Brasileiro de Teatro de Terreiro, um dos mais significativos encontros nacionais dedicados ao teatro popular. O evento acontece na sede do grupo Seu Estrelo e o Fuá do Terreiro, no Centro Tradicional de Invenção Cultural (813 Sul), com entrada gratuita.
Com uma programação intensa e plural, o festival reúne espetáculos, rodas de conversa e vivências com artistas de diferentes regiões do país, celebrando a força criativa do teatro popular brasileiro. A proposta é lançar luz sobre tradições ancestrais e criações contemporâneas, promovendo um diálogo entre mestres da cultura popular e experimentações cênicas que reinventam essas raízes.
Para garantir o acesso do público, os ingressos gratuitos devem ser retirados pelo Sympla, sempre ao meio-dia do dia anterior a cada apresentação. O espaço possui capacidade limitada para cerca de 150 pessoas, sujeito à lotação.
Um encontro de mestres e coletivos de todo o país
Entre os destaques da programação estão nomes consagrados da cena cultural brasileira, como o tradicional Reisado de Congo do Cariri, liderado por Mestre Zé Nilton (CE); o Grupo Grial de Dança (PE); Ana Cristina Colla, do Grupo Lume (SP); o coletivo Seu Estrelo e o Fuá do Terreiro (DF); o Boi de Seu Teodoro (DF); a atriz e bonequeira Odília Nunes (PE); o Circo sem Lona (DF); e os grupos de mamulengo Recanto Cultural de Mestre Manoelzinho Salustiano (PE) e Mamulengo Fuzuê (DF), entre outros convidados.

Um dos momentos mais aguardados é o espetáculo “Reinventando a Tradição”, que traz ao palco a força do reisado de congo. Segundo Mestre Zé Nilton, a participação no festival é uma oportunidade de preservar e divulgar essa expressão ancestral que mistura dança, música e religiosidade.

“Vamos apresentar uma abordagem autêntica e vibrante do reisado de congo, uma manifestação cultural rica em simbolismo e história. Para nós, é uma honra participar do festival de Seu Estrelo, celebrando nossa tradição com alegria e resistência”, afirma o mestre.
Outro destaque é a apresentação do espetáculo “Uma Mulher Vestida de Sol”, do Grupo Grial de Dança (PE), com direção e coreografia de Maria Paula Costa Rêgo. A montagem mergulha no imaginário do sertão nordestino a partir da obra de Ariano Suassuna, tecendo relações com o clássico “Romeu e Julieta”, de Shakespeare, e explorando a potência trágica e poética das tradições populares.
“Sair do nosso ambiente cotidiano e apresentar essa obra em Brasília nos motiva. O público candango é sensível às expressões da cultura popular. Participar do Festival de Teatro de Terreiro é contribuir para um olhar mais amplo e generoso sobre as artes brasileiras”, destaca a diretora.
Celebração da ancestralidade e invenção popular
Criado em 2011 pelo grupo Seu Estrelo e o Fuá do Terreiro, o festival teve três edições até 2013 e retornou em 2024 após uma longa pausa, com novo fôlego e renovado compromisso com a arte popular. Em sua 5ª edição, o evento reafirma o propósito de difundir o teatro de terreiro – uma forma de arte profundamente enraizada na ancestralidade e na inventividade brasileira.
Para Tico Magalhães, mestre do grupo anfitrião, o festival é um espaço de encontro dos “teatros dos brasis profundos”:
“É um festival voltado aos teatros de roçado, de aldeia, comunitário, de quintal, de palco, de circo, de chão festeiro. Um espaço onde o sagrado se fantasia de profano e o profano se mascareia de sagrado, dando continuidade a essa arte milenar e viva”, resume Mestre Tico.

Mais do que um evento, o Festival Brasileiro de Teatro de Terreiro se consolida como um espaço de celebração das múltiplas formas de fazer teatro no Brasil, valorizando as narrativas populares e ampliando o reconhecimento de mestres e mestras que mantêm vivas essas tradições.
Programação – V Festival Brasileiro de Teatro de Terreiro
07/09 (domingo)
18h – Boi de Seu Teodoro (DF)
Um dos mais tradicionais grupos de Bumba Meu Boi do Brasil Central, Patrimônio Imaterial do DF.
Classificação: Livre
19h – Reisado de Congo do Cariri de Mestre Zé Nilton (CE)
Espetáculo: Reinventando a Tradição
Cânticos, entremeios e jogo de espadas numa vibrante celebração do teatro popular nordestino.
Classificação: Livre
08/09 (segunda)
Roda De Conversa
20h – Maria Paula Costa Rêgo (PE) & Tico Magalhães (DF)
Tema: O Armorial e as Invenções da Cultura Popular – Às instigações da Cultura Tradicional para o Movimento Armorial e vice-versa
09/09 (terça)
20h – Grupo Grial (PE)
Espetáculo: A Mulher Vestida de Sol
Adaptação coreográfica do romance de Ariano Suassuna, inspirada no sertão e nas tragédias amorosas à la Romeu e Julieta.
Classificação: Livre
10/09 (quarta)
20h – Ana Cristina Colla (Grupo Lume – SP)
Espetáculo: SerEstando Mulheres
Solo autobiográfico e poético que percorre o feminino na trajetória da atriz-pesquisadora.
Classificação: 12 anos
11/09 (quinta)
Roda De Conversa
20h – Eduardo Vaccari (RJ) & Rafa Pops (DF)
Tema: A Máscara como Encruzilhada Teatral
12/09 (sexta)
20h – Seu Estrelo e o Fuá do Terreiro (DF)
Espetáculo: O Portão do QualQuerer (6ª Roda)
Um mergulho no universo dos sonhos e encantarias conduzido por Luzbelo e as figuras do Cerrado.
Classificação: 16 anos
13/09 (sábado)
19h – Odília Nunes (PE)
Espetáculo: Cordelina
Boneca gigante que fala com o coração e encanta com poesia e música nordestina.
Classificação: Livre
20h – Seu Estrelo e o Fuá do Terreiro (DF)
Espetáculo: O Amor é um Rio sem Margem (4ª Roda)
Uma história de amor submerso no Mito do Calango Voador, entre peixes encantados e um Circo Solar.
Classificação: 16 anos
14/09 (domingo)
16h – Circo sem Lona (DF)
Espetáculo: Invasões Bárbaras
Palhaçaria crítica e bem-humorada sobre a colonização e o poder.
Classificação: Livre
17h – Mamulengo Recanto Cultural de Mestre Manoelzinho Salustiano (PE)
Espetáculo: O Coco de Benedito
Uma animada festa de bonecos com música, crítica e improviso popular.
Classificação: Livre
18h – Mamulengo Fuzuê (DF)
Espetáculo: Benedito, Abençoada e Bendizido
Mamulengo candango que mistura tradição e improviso com muita alegria e irreverência.
Classificação: Livre