A dramaturga, compositora e diretora Miriam Virna estreia um novo experimento cênico que cruza linguagens artísticas para contar uma história de amor, amizade e enfrentamento da finitude. Em cartaz até este domingo (24) no Sesc Gama e no Sesc Ceilândia, o espetáculo “Dias Cintilantes” mescla projeções cinematográficas, banda ao vivo e narrativa musical em torno de três personagens que convivem no ambiente hospitalar.
No centro da trama está Aura (Camila Meskell), artista plástica que acompanha o pai internado para tratar um tumor. A relação de dependência entre os dois, ambos apaixonados por aves e pela arte, ganha novas cores diante da fragilidade imposta pela doença.
Ao redor deles orbitam o médico Theo (Rômulo Mendes), profissional de sucesso mas emocionalmente bloqueado, e a enfermeira Teresa (Gleide Firmino), que encontra em Aura uma amizade capaz de ressignificar sua própria vida. A presença de um Anjo (William Ferreira), inspirado no clássico Asas do Desejo, amplia os dilemas ao revelar pensamentos íntimos dos personagens para o público.
“Asas do Desejo, para mim, sempre foi um grande fascínio e uma grande inspiração. Ver aqueles anjos perambulando por Berlim e mergulhando nas mentes, no mais profundo, no que não é dito, aquilo sempre foi um grande fascínio para mim. E eu sempre tive vontade de fazer uma espécie de Asas do Desejo brasiliense”, conta Miriam Virna.
A encenação ultrapassa os limites do palco ao integrar projeções que retratam Brasília, com cenas de moradores e anjos vagando pela cidade. Um curta-metragem autoral, primeira incursão de Miriam na direção de cinema, compõe a narrativa visual em parceria com os diretores de fotografia André e Rafael Lavernère.
A projeção, conduzida por Aníbal Diniz, dialoga com a música executada ao vivo por Julia Ferrari, Samuel Mota e Macaxeira Acioli, criando atmosferas que vão do realismo hospitalar a instantes quase oníricos.
Além de dirigir e escrever a dramaturgia, Miriam também assina a criação musical. “As canções foram compostas por mim, letra e música, com arranjo do Samuel Mota e arranjo vocal da Júlia Ferrari. E elas foram criadas ao longo do processo. Não existia a letra, não fazia parte da dramaturgia original da peça, e eu fui entendendo aonde ela se integraria ali dentro da narrativa”, explica. O resultado é um musical que nasceu organicamente nos ensaios, costurando canções aos conflitos internos dos personagens.
“Dias Cintilantes” propõe uma experiência sensorial múltipla, onde som, imagem e interpretação se fundem para falar de dor, memória e esperança. “Uma das canções fala sobre fugir das dores, tema que permeia os três personagens. Isso tem muito a ver com as conexões entre eles, impactados com a presença de Aura”, afirma a diretora.
“Dias cintilantes”
Onde: Teatro Sesc Gama
Quando: 22 de agosto, às 16h e 19h30
Ingressos pelo site
Onde: Teatro Sesc Ceilândia
Quando: 23 de agosto, às 19h30 – com intérprete de Libras
24 de agosto, às 16h e 19h30
Ingressos pelo site
