Neste sábado (1) e nos próximos dois finais de semana, 9 e 15 de novembro, Brasília recebe o espetáculo “Libertinas – Ópera e Hip Hop em Concerto”, uma fusão inusitada entre o lirismo da ópera e a força do hip hop. A obra será apresentada no Teatro da Casa Thomas Jefferson (Asa Sul), na Casa Kaluanã (Taguatinga) e na Casa Akotirene (Ceilândia), com entrada gratuita.
Idealizado pela soprano Aida Kellen, o projeto propõe um diálogo entre diferentes linguagens musicais para refletir sobre o feminismo, o amor e a liberdade. A apresentação integra o trabalho do Coletivo Mousikê Femme, formado por musicistas brasilienses, e conta com apoio do Fundo de Apoio à Cultura do Distrito Federal (FAC-DF).
“Uma das motivações foi unir estilos que contam histórias, além de sair de um protocolo indiretamente imposto socialmente que limita o artista”, explica Aida Kellen, produtora, idealizadora e solista do espetáculo.
Amor, liberdade e transgressão
“Libertinas” tem como eixo temático o amor em suas múltiplas formas: o amor livre, o amor-próprio e o amor sem etiquetas. A proposta é revisitar personagens femininas históricas, muitas vezes retratadas como bruxas, prostitutas ou pecadoras, para revelar nelas a força da autonomia e da sensualidade.
“O nome veio como uma ideia de transgressão às normas”, afirma Aida. “A ideia do espetáculo borbulha com a nova fase do feminismo, em que a mulher tem mais espaço para ousar e não ser ‘desqualificada’ por isso. Coloco entre aspas porque sabemos que ainda temos muito a conquistar.”
O espetáculo mistura elementos clássicos da ópera — com sua dramaticidade e rigor técnico — à ousadia e improvisação do hip hop, numa construção que simboliza a quebra de padrões tanto musicais quanto sociais. Aida explica que o processo criativo foi sendo moldado de forma orgânica, a partir da convivência e das trocas entre as artistas envolvidas.
“Cada espetáculo sempre tem um ajuste. Eu tive a sorte de encontrar mulheres além de competentes, com ousadia e coragem e que acreditaram que daria certo”, conta. “Todas as musicistas que estão tocando transitam pelo erudito e popular, essa arte não é pra ficar numa caixinha, num só estilo. Conforme o processo criativo foi ascendendo, a linguagem foi nascendo. A poesia, a roupa, os improvisos, tudo foi vindo pra um lugar mais palpável e assim a identidade foi se formando também.”
Diálogo entre mundos
Além de Aida Kellen, o concerto conta com a presença da rapper e compositora Lídia Polissemia, artista de Ceilândia que traz para o palco influências dos Griots, do blues e da música brasileira. Juntas, elas simbolizam a união de mundos musicais aparentemente distantes, mas que compartilham o poder de narrar histórias e reivindicar espaços.
Aida destaca que o tema central do espetáculo é universal, mas tratado sob uma ótica feminina contemporânea. “O amor está cantando há séculos. Parece clichê, mas a gente não tá cantando nada de novo. O amor sempre esteve na roda, no debate, no desejo de ser amado. As mulheres por muito tempo não eram donas do seu desejo e só eram amadas se coubessem no formato exigido pela sociedade. Hoje nós queremos ser amadas sem etiquetas, só por sermos quem somos mesmo.”
Serviço
Libertinas: Ópera e Hip Hop em Concerto
Onde: Casa Thomas Jefferson – Asa Sul (706/906 Sul)
Quando: 01 de novembro (sábado)
Sessões às 19h e 21h
Ingressos gratuitos pelo site
Onde: Casa Kaluanã – Mercado Sul, Taguatinga
Quando: 09 de novembro (domingo), àS19h
Entrada gratuita – não é necessário retirar ingresso antecipado
Onde: Casa Akotirene – QNN 23 conjunto J casa 35, Ceilândia
Quando: 15 de novembro (sábado), às 20h
Entrada gratuita – não é necessário retirar ingresso antecipado
