A Cia. Os Buriti apresenta até domingo (30) o espetáculo À Beira do Sol, criação dirigida por Naira Carneiro e Duda Rios, que mergulha no universo da loucura, do inconsciente e dos modos múltiplos de perceber a realidade. A dramaturgia acompanha Arian, a Vigia do Sol, figura que transita entre o mundo material e a terra da imaginação, assumindo uma missão que desafia a lógica comum e reposiciona o espectador diante da pergunta: o que é real?
O espetáculo nasce de referências que deslocam fronteiras entre razão e delírio, como Arthur Bispo do Rosário, Profeta Gentileza e os relatos clínicos de Nise da Silveira. Para Naira Carneiro, o que aproxima essas figuras é o impulso de seguir vozes internas e abandonar caminhos previstos. “Essas três personalidades scutaram vozes internas, chamados, e mudaram completamente o rumo de suas vidas, assumindo missões que qualquer pessoa ‘normal’ consideraria uma loucura”, afirma.

A diretora explica que, ao tocar temas como imaginação e desvio, o espetáculo se abre para espectadores de idades diversas, cada um acessando camadas próprias da narrativa. “As crianças vão contemplar esse espetáculo de uma maneira totalmente distinta da dos adultos”, diz. Essa percepção orienta também a escolha de realizar apresentações tanto diurnas quanto noturnas, valorizando experiências de recepção diferentes. Para Naira, ampliar o entendimento do que chamamos de “loucura” é central à montagem: “Os ‘loucos’ acreditam no inimaginável, no não palpável, no inacreditável. As crianças também”.
Outro elemento fundamental da encenação é o grande tecido manipulado por cordas, concebido pelo cenógrafo Marcelo Larrea. A solução surgiu pouco antes da estreia e reorganizou a visualidade do espetáculo. “O cenário se encaixou perfeitamente em todas as cenas que tínhamos criado e ampliou as possibilidades delas… Enfim, virou parte, personagem da história”, relata Naira.

A ideia de compartilhar a criação com o público atravessa a trajetória da artista, que cresceu no ambiente da companhia fundada por sua mãe. “Gosto de criar espetáculos em que o público é também co-criador, a partir de uma encenação que não entrega tudo, mas que dá asas à imaginação de cada um.” Essa relação de cumplicidade, afirma, é parte da própria essência do teatro: um espaço em que a imaginação e o impossível encontram terreno fértil.

Cantos de Encontro celebra 13 anos e lança videoclipes de animação
Além de À Beira do Sol, o fim de semana traz apresentações do espetáculo musical Cantos de Encontro, às 11h, amanhã (29) e domingo (30). Com 13 anos de trajetória e passagens por 40 cidades brasileiras e seis países europeus, a produção reúne quatro intérpretes que cantam, tocam, dançam, contam histórias e manipulam bonecos em uma celebração da música popular para crianças de todas as idades. As sessões incluem ainda o lançamento de videoclipes de animação e bate-papos sobre criação musical e processos da animação infantil.
Cantos de Encontro e lançamento dos videoclipes de animação
29/11 (sábado)
11h – Show + lançamento das animações
12h – Bate-papo “Música para a primeira infância – letras, melodias e arranjos”
30/11 (domingo)
11h – Show + lançamento das animações
12h – Bate-papo “Os bastidores da animação infantil”
Serviço
À Beira do Sol
Onde: CAIXA Cultural Brasília – SBS Q. 4 Lotes 3/4 – Asa Sul
Quando: sexta (28) às 20h, sábado e domingo às 17h
Duração: 50 minutos