Após a excelente repercussão da primeira temporada, o espetáculo “Arbóreas” retorna aos palcos de Brasília para uma curta temporada no Teatro Paulo Gracindo – SESC Gama, com apresentações entre sexta-feira (15) e domingo (17).
Protagonizado por Bruna Gosta, Clara Costa e Márcia Gomes, mãe e filhas que compartilham a vida e a cena, o espetáculo de dança-teatro exalta, com lirismo e intensidade, a resiliência, a ancestralidade e a potência do feminino. “‘Arbóreas’ é um gesto que rompe silêncios. Fala de mim e das minhas filhas, mas também retrata a trajetória de muitas mulheres. É uma dança que assombra, revela e cura”, afirma Márcia Gomes, idealizadora e intérprete.

Com direção de Édi Oliveira e assistência de Lívia Bennet, o trabalho propõe um mergulho nas memórias e nos vínculos afetivos entre mulheres, transitando entre o ritualístico e o sensível, num diálogo sobre maternidade, legado, resistência e redes de apoio.
Um encontro artístico que nasceu da vida
O diretor Édi Oliveira relembra que a ideia surgiu ao perceber que mãe e filhas, suas alunas de dança contemporânea, tinham uma sintonia rara na expressão artística. “Sempre me chamou atenção que três mulheres da mesma família, mãe e filhas, se interessassem pela dança e a praticassem juntas, com sensibilidade e consciência do poder do movimento como autoconhecimento e cura. Quando comentei a ideia com Márcia, descobri que ela já tinha um projeto parecido. Juntamos os desejos e concretizamos o espetáculo”, explica Édi.
Para Clara Costa, integrante do elenco, aceitar o convite foi mergulhar em um território afetivo profundo. “Arbóreas nasce de um sonho de minha mãe que encontrou o convite do Édi. Foi um mergulho intenso em minha ancestralidade e nas histórias que, embora nossas, também são de muitas mulheres”.

Dramaturgia de memórias
O processo criativo foi construído a partir de laboratórios e provocações que levaram as intérpretes a revisitarem lembranças pessoais e familiares. “Trabalhar com histórias tão íntimas exige cuidado. Era preciso transformar esse material emotivo em dramaturgia sem ultrapassar limites de respeito e exposição, mantendo a potência artística”, conta Édi.
Márcia destaca o impacto emocional. “Foi intenso, menos pela exposição e mais pelo impacto interno. Revivemos memórias, inclusive traumáticas. A cada sessão, esse reencontro com o público reaviva nossas histórias”.
O que esperar desta temporada
Segundo Édi, esta nova temporada traz um espetáculo mais maduro, fruto da experiência adquirida na estreia e do diálogo com o público.
Clara descreve a obra como “sensível e tocante, que aborda a magia da relação entre as mulheres e a natureza”.
Já Márcia reforça a construção minuciosa de todos os elementos. “É um espetáculo esteticamente belo, com luz de Ana Quintas, figurino e cenário de Rustang Carrilho, e a direção artesanal de Édi Oliveira. Tudo é tecido para que o público mergulhe e acesse suas próprias raízes”.