O West Coast Swing (WCS) é um estilo de dança a dois que vem ganhando cada vez mais adeptos no Brasil e ao redor do mundo. Originado na costa oeste dos Estados Unidos, o WCS combina fluidez, musicalidade e improviso, tornando-se versátil e acessível a diversos estilos musicais — do blues ao pop, do R&B ao eletrônico.
Embora mais conhecido internacionalmente, o estilo já teve seu auge no Brasil, especialmente entre 2010 e 2016, período marcado por aulas com professores estrangeiros e eventos oficiais no país. Entre os talentos brasileiros que se destacaram nesse cenário está Fernanda Dubiel, uma curitibana que transformou a paixão pela dança em carreira internacional, representando o Brasil em competições e workshops ao redor do mundo.
Quem é Fernanda?
A história de Fernanda com a dança começou cedo. Nascida em Curitiba, ela se apaixonou pelo movimento ainda na infância, passando por modalidades como balé e jazz. Mas foi aos 9 anos, em um workshop com os renomados dançarinos Jordan Frisbee e Tatiana Mollmann, que conheceu o West Coast Swing — e nunca mais largou.
“Comecei a dançar muito nova, então muita gente já me conhecia. Mas precisei parar por quatro anos durante a faculdade de Administração, em Curitiba. As pessoas que começaram no WCS nesse período não sabiam quem eu era.”



Construindo a carreira
O retorno não foi simples. Fernanda conta que o primeiro ano foi marcado por muito esforço e pouco retorno financeiro.
“Foi um ano de 100% investimento: estar presente nos eventos, competir, fazer networking… É como se você precisasse provar seu valor dentro da cena. Um desafio tanto financeiro quanto pessoal. Você conhece pessoas do mundo todo e precisa se adaptar a diferentes comportamentos e culturas.”
Com o tempo, os resultados começaram a aparecer. Fernanda conquistou dez primeiros lugares em competições, o que chamou atenção de organizadores e abriu portas para convites em diversos países.
“Depois desse primeiro ano, os convites para workshops começaram a surgir. Mas ainda assim, dá medo. Você ainda está ganhando experiência, precisa plantar boas sementes para ser convidado de novo. É preciso ter resiliência, inteligência emocional, foco — e entender que nem toda competição será um sucesso. Tem gente que pode tentar te derrubar.”
Nos últimos dois anos e meio, Fernanda julgou mais de 30 competições e passou por cerca de 30 países ensinando e competindo.



Hoje, aos 25 anos, ela vive exclusivamente da dança. A decisão de se dedicar integralmente ao WCS só veio recentemente, quando sentiu que tinha estabilidade suficiente.
“Comecei a trabalhar 100% com dança apenas este ano, quando tive contratos e oportunidades que me permitiram viver disso. Mas é um desafio — o corpo tem limites, e a carreira de dançarino não dura para sempre.”
Mais do que uma escolha profissional, a dança se tornou a forma que ela encontrou de unir suas grandes paixões: idiomas, viagens e arte. “Vi no WCS um potencial para juntar tudo isso em uma única profissão.”
Sacrifícios e prioridades
Morar fora do Brasil, no entanto, tem seu preço.
“É difícil para mim e para minha família. Não posso comer a comida da minha avó nos fins de semana, não vou a aniversários ou casamentos. Quando estou triste, não posso abraçar minha mãe — e o mesmo vale para eles. Já são dois natais e dois aniversários que não passamos juntos.”
Apesar disso, ela não se arrepende das escolhas que fez.
“Tudo é questão de prioridade e de momento. Hoje, preciso priorizar a dança, porque daqui a 10 anos talvez não tenha a mesma chance. E sei que, se tudo der errado, sempre terei um lugar seguro para recomeçar. Por isso, sempre arrisquei para seguir meus sonhos.”
Sonhos e metas
Mesmo com a rotina intensa, Fernanda garante que está exatamente onde gostaria de estar.
“Amo dançar. Viajar 40 fins de semana por ano para dar aulas, julgar, treinar… nada disso é um peso. É exatamente o que eu amo fazer.”
Inspirada por nomes como Benji Schwimmer, Thibault Ramirez, Nicole Clonch e, claro, Jordan Frisbee e Tatiana Mollmann, Fernanda quer deixar sua marca — inclusive no Brasil.
“Quero fazer uma turnê pelo Brasil em dezembro, dando aulas em várias cidades e ajudando a divulgar ainda mais o West Coast Swing. Amo meu país e ficaria muito feliz em contribuir com o crescimento da cena por aqui. Quem sabe, no futuro, até realizar um evento internacional no Brasil. Seria a realização de um grande sonho.”