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Viva

Take 6 agita o público em Brasília

Arquivo Geral

07/09/2011 8h58

Guilherme Lobão
globao@jornaldebrasilia.com.br

Foto: Guilherme LobãoO segundo show do conjunto vocal norte-americano Take 6 em Brasília, na noite de terça-feira, no Centro de Convenções Ulysses Guimarães, mostra como o grupo manteve-se fiel em suas raízes do gospel e do negro spiritual e ainda como alinhavaram sua técnica vocal e produção com a estética do r&b contemporâneo. E isso sem utilizar qualquer artifício tecnológico. É um palco, um piano de escanteio e seis vozes virtuosas.

Como no show de 13 anos atrás, na Sala Villa-Lobos do Teatro Nacional, este mesmo Take 6 (com uma única mudança na formação) esmerilhava instrumentos elétricos, percursivos e de sopro com o uso da voz. Hoje, no entanto, com uma atualização no conceito de soul music. Nos anos 90, era muito mais jazzístico, inclinado ao pop; hoje, os fraseados improvisados deitam sobre a cama de um r&b contemporâneo pesadíssimo, baseado no beatbox intermitente dos veteranos Joel e Mark e do novato Khristian, cuja presença rejuvenesceu o grupo neste hiato entre as duas escalas do sexteto na capital federal.

Com meia hora de atraso, o grupo subiu ao palco após a breve, porém eficiente introdução do cantor gospel paulsita Leonardo Gonçalves. De cara, apresentaram o cartão de visitas do seu neosoul, bebendo na fonte do bebop vocal de Ella Fitzgerald e Billie Holiday, com Straighten Up and Fly Right; seguido da brincalhona performance de I`ve Got Life, com rebolados e… pedra-papel-tesoura (?). Isso mesmo.

No último show da turnê brasileira, o sexteto americano chamou o auditório longe de estar lotado para a indispensável brincadeira de “hey, ho”, mas em ma versão mais sofisticada – e portanto exigente. Na primeira fatia mais descontraída do show, sobrou mais uma canção doo-wop: Wade in the Water (do repertório antigo).

Então o Take 6 preparou o público para um momento de contrição, com o latin jazz Windmills of Your Mind, costurado por belíssimo solo do minitrompete vocal de Joel, emendado com os standards Smile (Charles Chaplin) e Just in Time (cuja versão mais famosa foi gravada por Tony Bennett), as únicas com apoio do piano.

Neste momento, o Take 6 apresenta o que sabe fazer de melhor: belíssimos arranjos a cappela para canções de louvor a Deus improvisadas da raiz do negro spiritual: Something Within Me, Shall be Gather at the River e a emocionante Lamb of God, hino que inspira a pregação religiosa, da qual o grupo nunca abriu mão, mesmo após a fama e uma dezena de prêmios Grammy.

O clímax da noite, porém, foi mesmo o divertidíssimo karaokê (a capella, claro) com as influências históricas do conjunto, entre elas Earth Wind and Fire, Stevie Wonder, Doobie Brothers e até Ricky Martin (eles chegam a citar os brasileiros Milton Nascimento, Djavan e Sergio Mendes, mas não arriscaram cantar em português).

Engraçado mesmo foi a insistente (e brilhante) imitação de Michael Jackson protagonizada pelo jovem Khristian. Empolgou-se em uma série de quase dez temas incidentais do falecido rei do pop, com direito ao Moonwalk.

A festa completou-se com uma festa r&b (com scratches e duelo de beat box), na canção Come On. E o baixo que o líder Alvin Chea segura do início ao final eletrizante do show é, simplesmente, indescritível. Prova de que, 13 anos depois de sua vinda anterior a Brasília, o Take continua a fazer justiça à fama de maior conjunto vocal gospel do nosso tempo.

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