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Viva

Sonho e loucura ficam livres em espetáculo teatral

Arquivo Geral

28/08/2012 8h57

Michel Toronaga
michel.toronaga@jornaldebrasilia.com.br

Num lugar obscuro, várias pessoas excluídas pela sociedade vivem em seu próprio universo bizarro. O público é convidado a entrar nesta peculiar realidade no espetáculo teatral Não Alimente os Bichos, em cartaz amanhã e quinta-feira, às 21h, na Sala Plínio Marcos da Funarte (ao lado da Torre de TV). A montagem é um esforço coletivo da companhia Subsolo 59, criada por alunos que estão se formando em Artes Cênicas pela Universidade de Brasília (UnB). Os oito atores que integram o grupo levaram um ano para pesquisar e desenvolver a montagem.Roberto de Ávila

“Os personagens são quase que animalescos. Eles vivem como querem, sem o julgamento de moral”, explica a atriz Ramayana Regis, que interpreta a cigana Alba. “O título é uma maneira de dizer que, se você alimentar sua fantasia, tem que ter cuidado para onde pode chegar”, provoca a artista.

Na trama, a trupe, formada por membros esquizofrênicos, é confrontada quando uma forasteira chega até eles e os tira da zona de conforto, mostrando o que existe “lá fora”.

“Na hora de desenvolver a peça, a gente encontrou pontos em comuns na equipe”, explica Albert Carneiro, que nos palcos interpreta o adestrador e cozinheiro Jack. “Alguns têm experiência em acrobacias, mímica ou clown. E os que ainda não tinham queriam trabalhar nisso”, revela ele. O resultado é uma atração que traz números de balé e música ao vivo (com cinco instrumentistas).

Os momentos circenses, entretanto, não foram incluídos sem motivo. “Todos foram colocados com uma carga dramatúrgica e estão ligados com os personagens e com o ambiente”, diz Albert, que canta e faz um número cênico-acrobático com corda indiana (onde o acrobata prende o corpo e é girado). “No meu caso a corda é uma tripa porque ele é um açougueiro que está cozinhando a refeição da trupe”, explica o ator.

Essa cena foi um dos destaques da mostra competitiva do 1º Festival Internacional de Circo do Rio de Janeiro, que aconteceu no dia 29 de junho deste ano.

Existe um tom macabro no espetáculo, que pode ser considerado um “circo de horrores”. “Todos os personagens têm um tipo de deformidade, então trabalhamos a estética do grotesco”, revela Ramayana, que assina a direção da peça ao lado dos outros atores. Ela adianta que cada personagem tem um elemento bizarro. “É alguma coisa estranha e que faz parte do sonho de cada um. Um quer comer carne, outro acha que é invísivel. É como se a fantasia fosse para o lado estranho“, diz.

independente
Ambientado em um galpão abandonado, Não Alimente os Bichos foi apresentado oito vezes na UnB estas serão as primeiras encenações em outro palco. A peça foi produzida de forma independente e passou no edital do Feto – Festival Estudantil de Teatro de Belo Horizonte, que receberá os jovens atores em outubro.

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