Bruna Sensêve
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Noite de terror e glória para os fãs brasilienses de heavy metal. A veterana banda inglesa Iron Maiden retornou aos palcos candangos, após a última apresentação em 2009, e reuniu mais de 15 mil pessoas no estacionamento do Estádio Mané Garrincha, quarta-feira. Os ídolos tocaram músicas novas, além dos antigos sucessos. A primeira a ser executada, às 21h10, é a que dá título ao último álbum, lançado em 2010, The Final Frontier. Satellite 15…..The Final Frontier não é grande conhecida dos fãs, mas deixou a plateia boquiaberta ao ver o vocalista Bruce Dickinson, o baixista Steve Harris, o baterista Nicko McBrain e os guitarristas Dave Murray, Janick Gers e Adrian Smith preenchendo cada espaço do palco, mesmo após 35 anos de estrada.
Se de um lado Bruce subia, descia e pulava das estruturas, estilo bunker de guerra, Janick Gers apoiava o pé em amplificadores de 1m de altura, além de arremessar e fazer piruetas com a guitarra. São Pedro premiou os metaleiros com uma noite de clima ameno. O início do show teve céu limpo e aberto. Apenas uma chuva rápida cobriu a massa de camisetas pretas com escudos da banda estampados, durante 20 minutos. A noite seguiu com El Dorado, 2 Minutes to Midnight, The Talisman, Coming Home, Dance of Death e atingiu o ponto alto com The Trooper.
Bruce apareceu vestido como um soldado de cavalaria e bandeira britânica em mãos. Os fãs foram à loucura com o conhecido perfeccionismo da banda. Depois de quatro músicas do novo disco, a noite foi dedicada aos antigos sucessos. Emendaram The Wicker Man ao repertório e Bruce fez um discurso emocionado, em inglês, dedicado aos fãs por todo o mundo. Ele lembrou do show marcado para 12 de março, em Tóquio, que precisou ser cancelado devido a tragédia a que o país se abateu. “Independentemente de sua cor, raça, religião ou nacionalidade, se você é fã do Iron Maiden você é da família.”

A fala foi seguida pela execução da apropriadíssima Blood Brothers. Mais uma música do novo disco, When the Wild Wind Blows, repleta de dramaticidade e uma fila de hits aguardava o público. The Evil That Men Do, Fear of the Dark e Iron Maiden fecharam a primeira parte do show com o gigantesco “morto-vivo” Eddie na quarta guitarra. O retorno contou com a execução de The Number of the Beast, seguiu com Hallowed Be Thy Name e fechou com Running Free. O show terminou britanicamente às 23h.
Quem esperou uma plateia sexo, drogas e rock’n’roll não imaginou estar em um show de rock. Boa parte do público era de familiares e amigos que queriam reviver antigos sucessos da Donzela de Ferro. Parte pela postura da banda que nunca foi conhecida por uma vida de exageros.
Metaleiros ensandecidos
Para cada lado que se olhasse, no meio da plateia, havia alguém feliz com a barulheira no palco. E, acredite, com o clima familiar do show. Júlio César dos Santos Pereira, 41 anos, por exemplo, levou o filho Matheus, 10, sabendo que o clima seria bacana, mesmo com a mãe dele contrariada. “Fico feliz em ver as gerações reunidas para um show de rock. A garotada está gostando mais de rock, ótimo para renovar o público”, conta Júlio.
Homenagens à banda eram recorrentes entre o público. O empresário João Otávio Fernandes, 25, comprou uma máscara do mascote “Eddie, the Head”, para o show. Ele havia visto a banda em 2009 e voltou com a mesma animação. A família inteira sabe do fanatismo de João pela banda.
Um dos diferenciais do show, porém, não estava no palco. Uma estrutura mais alta foi montada ao fundo da pista premium para garantir a visibilidade de cadeirantes e pessoas com dificuldades de locomoção. Um grupo de seis amigos passou boa parte do show no local festejando com o amigo Felipe Santos Coelho, 27. O analista de sistemas não sabia da estrutura especial. “Achei show de bola. Gosto muito da banda e consegui assistir a tudo de camarote”, comemora.