Suellem Mendes
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Não se pode falar em samba sem citar Clara Nunes. O ritmo mais tradicional do País encontrou na artista uma fiel seguidora e difusora. Este ano a cantora completaria 70 anos e, para marcar a data e homenagear sua importância no cenário musical brasileiro, o CCBB recebe, de hoje a 29 de janeiro, a série Contos de Areia – 70 anos de Clara Nunes.
Um time de expoentes do samba foi selecionado para relembrar o repertório da artista. Quem abre a programação, às 21h, é o também sambista Monarco, acompanhado da cantora Verônica Ferriani. Ainda passam pelo palco do CCBB os artistas Joyce e Teresa Cristina, Delcio Carvalho e Maira, Nei Lopes e Nilze Carvalho, Mariene de Castro e Pedro Miranda, e Elton Medeiros e Fabiana Cozza.
Para Monarco, um dos mais ilustres sambistas brasileiros, é uma satisfação fazer parte dessa homenagem. “Estou muito feliz. Ela sempre foi muito carinhosa e meiga comigo. O samba sente falta dela”, diz. “Vou representar o Rio de Janeiro e a Portela, que também era a escola do coração da Clara”, conta. A quem comparecer, Monarco promete “o melhor do samba e da mineirinha que deixou saudades”.
No repertório, composições suas gravadas pela dama do samba. “Vou cantar, entre outras músicas, Jardim da Solidão, Rancho da Primeira e Vai Amor. Também tem a Conto de Areia, maior sucesso da Clara“, antecipa o sambista. Contudo, a participação de Monarco não fica só nisso. “Tudo que vem da Clara dá uma emoção muito grande. Ela gravou coisas lindas, voltadas para nossas raízes. Vou falar um pouco disso também.”
MESA-REDONDA
O repertório para a apresentação de hoje foi definido junto com o curador Luís Filipe de Lima. “Nos encontramos e conversamos sobre o show. Partiu dele a ideia, desde o início, de apresentar as minhas músicas que ela gravou”, diz.
Verônica Ferriani, que faz dupla com Monarco, completa: “Como é a primeira apresentação da série, vamos começar com um panorama de músicas bem conhecidas da Clara. Tristeza Pé no Chão e Menino Deus também fazem parte”.
E ela não fica atrás em sua admiração pela homenageada. “Tenho uma ligação forte com a Clara. Ela foi a maior referência quando comecei a cantar samba”, diz. E o amor se estende ao gênero musical. “Foi fundamental na minha formação. Uma paixão mesmo”, garante. Para ela, o fato de o público poder relembrar toda a representatividade de Clara Nunes é algo singular. “As pessoas vão ficar muito felizes de ter contato com essa visita à sua obra”, explica.
Durante os shows, serão exibidos pequenos vídeos que revelam um mosaico de histórias e impressões sobre Clara Nunes do ponto de vista de pessoas próximas, entre elas Alcione, Sergio Cabral, Agnaldo Timóteo, Guinga e Adelzon Alves.
Também serão exibidos depoimento de pessoas flagradas na rua, como forma de mostrar o quanto de sua memória está na boca do povo.
E, para quem quiser saber ainda mais sobre a homenageada, haverá uma mesa-redonda na segunda semana do evento. Participarão o produtor e pesquisador Hermínio Bello de Carvalho, o cantor e compositor Nei Lopes e o jornalista Vagner Fernandes, biógrafo da cantora.