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Viva

Samba para brasileiro ver

Arquivo Geral

05/04/2011 7h00

Camilla Sanches
camilla.sanches@jornaldebrasilia.com.br

Beatriz Faria em cena da peça. Foto: Luc de Sampaio/Divulgação

Um verdadeiro desfile pelos carnavais das décadas de 1930 a 1970. É isso que Soraya Ravengle e grande elenco apresentam no musical É Com Esse Que Eu Vou – O Samba do Carnaval na Rua e no Salão, que esteve em cartaz sexta-feira e sábado últimos, no Guairão, dentro da Mostra Oficial do Festival de Teatro de Curitiba.

Em pouco mais de duas horas de duração, o espectador é convidado a relembrar parte da história do Carnaval carioca por meio de seus sambas, mais especificamente surgidos entre os anos de 1931 e 1968.

Fruto da pesquisa histórica do jornalista, escritor, compositor e produtor de discos Sérgio Cabral e da historiadora Rosa Maria Araújo, o espetáculo tem direção da dupla Claudio Botelho e Charles Möeller, consagrada por dirigir grandes musicais, como Hair – que foi indicado ao Prêmio Shell 2010 de melhor figurino e iluminação – e, o mais recente, Um Violinista no Telhado, que também conta com a atriz e cantora Soraya Ravengle entre os atores.

A atriz Soraya Ravengle também faz parte do elenco. Foto: Luc de Sampaio/Divulgação“Foram um ano e alguns meses de pesquisa. Ouvimos mais de mil sambas para escolher dentre elas as melhores músicas para contar a história que queríamos contar”, observa o escritor.

O musical reúne composições de Herivelto Martins, Noel Rosa, Ary Barroso, Ataulfo Alves, Roberto Martins, Wilson Batista e Haroldo Lobo e tem no elenco, ainda, Pedro Paulo Malta, Alfredo Del-Penho, Beatriz Faria (filha de Paulinho da Viola), Lilian Valeska, Marcos Sacramento e Makley Matos.

Dos bares de Brasília

Makley nasceu em Vitória e iniciou a carreira no grupo Nó na Madeira, mas foi em Brasília que passou a ser mais conhecido se apresentando em rodas de samba em bares da cidade, como o Feitiço Mineiro e o Bar do Calaf. Há cinco anos ele vive no Rio de Janeiro.

Além dos atores-cantores excelentes, a banda formada por Beto Cazes (percussão), Dirceu Leite (sopros), Fabiano Segalote (trombone), Gilson Santos (trompete e flugelhorn), Henrique Cazes (cavaquinho), Oscar Bolão (bateria), Jorge Helder (baixo acústico), Paulino Dias (percussão) e Luis Filipe de Lima (violões), que assina a direção musical, completa o bloco carnavalesco que fez a plateia vibrar no Guairão.

“Conhecia alguma coisa do repertório que apresentamos, mas não tudo, claro, porque foi uma pesquisa com P maiúsculo, se assim podemos dizer”, declarou Soraya Ravenle, para quem a preparação para o espetáculo se compara a uma maratona. “Nós atores temos que ser um pouco como atletas, porque tem toda uma preparação vocal, musical, teatral e corporal. Temos que estar sempre bem”, pondera.

A peça relembra parte da história do Carnaval carioca. Foto: Luc de Sampaio/Divulgação“É um espetáculo que explora o lado teatral dos autores populares. Resolvemos, então, contar essa história do jeito deles”, afirma Sergio Cabral, que também foi responsável por Sassaricando – E o Rio Inventou a Marchinha, de 2007, ao lado de Rosa Maria.

“Não é uma continuação. É uma outra faceta”, definiu o autor. “O Sassaricando é mais engraçado, mas acho este mais bonito.”.

Pegar o bonde e embarcar na alegria dos sambas que marcaram época emocionou uma plateia de mais de duas mil pessoas que lotou o Auditório Bento Munhoz da Rocha, o Guairão. “Me deixa muito feliz ver a emoção das pessoas ao final do espetáculo. Desde os mais velhos aos jovens, como uma moça de 18 anos que chorava descontroladamente durante uma apresentação no Rio”, comemora Sergio Cabral.

É Com Esse Que Eu Vou estreou em agosto de 2010, no Teatro Oi Casa Grande, no Rio de Janeiro, onde teve reestreia com temporada de dezembro a março, no João Caetano. “Daqui, queremos viajar o País”, garantiu Rosa Maria Araújo, ao destacar o espanto com a receptividade do musical.

A possibilidade de passar por Brasília é vislumbrada e só uma questão de tempo. “Já estamos em discussão”, adiantou a pesquisadora. Que chegue à capital federal e a todos os estados brasileiros. O Brasil merece ver sua história cantada e exaltada com tanta alegria. Viva o Carnaval! Viva o samba!

A repórter viajou a convite da organização do Festival de Teatro de Curitiba.

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