Camilla Sanches
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Amúsica baiana se renova com o passar dos anos e, fugindo do axé music, ritmo mais difundido nacionalmente, surge o artista Magary Lord, cria do Acupe de Brotas, bairro da capital soteropolitana. Cantor, compositor e percussionista, ele despontou para todo o Brasil no último Festival de Verão de Salvador, no início deste ano, e também foi uma das revelações do Carnaval 2012. Em Brasília, ele é a atração da Festa Brasileira, que acontece hoje no Clube do Servidor, a partir das 22h.
Apesar do sucesso recente, o trabalho do artista vem de longa data. São dez anos de estrada, desde que começou a criar o black semba, uma mistura de black music com o semba angolano. “São batidas africanas com identidade soteropolitana”, define ele.
Fruto de uma família com 12 filhos, sendo ele o décimo-primeiro da prole, o músico lembra que cresceu dividindo a vitrola com os irmãos e com o pai, um petroleiro aposentado e taxista. “Era tanta gente em casa, que, quando chegava a minha vez de ouvir meus vinis, eu já tinha ouvido Cartola, Pixinguinha, Benito de Paula e Michael Jackson, preferências dos meus irmãos e dos meus pais”, conta.
Magary absorveu todas essas influências, porém o que ele acredita ter mais favorecido seu caminho até a carreira artística foi a proximidade do lugar onde morava: a Avenida Ogunjá, onde os trios elétricos faziam a passagem de som antes de seguirem para o percurso de Carnaval. “Eu ficava na laje de casa, admirado com as batidas e os batuques dos instrumentos”, comenta.
Dali, ele partiu para a Oficina de Investigação Musical, ministrada pelo mestre percussionista Bira Reis. Um caminho sem volta. O artista foi, definitivamente, fisgado pela música. “A percussão abre muitas portas e, por meio dela, eu misturei não só o ritmo de James Brown e outros grandes da black music, como a linguagem africana”, descreve Magary.
Caldeirão
Esse caldeirão de referências baianas, nacionais e estrangeiras deu origem a dois CDs. O primeiro, Magary Black Semba Bahia, foi gravado em 2007. O segundo chegou às lojas em 2011, com o título de Escutando Magary. Até o final de maio, os fãs poderão ter em mãos um terceiro trabalho, o DVD Magary Black Semba, um registro do repertório desses dois álbuns com algumas releituras de Lobão, Caetano Veloso, Gilberto Gil e Zeca Pagodinho.
“Estou muito ansioso para poder mostrar nosso repertório aos brasilienses”, disse o cantor, ao ressaltar que a produção autoral é a “base do que somos”. Entre estas canções, atenção para as já consagradas pelo público, Joelho (regravada pela banda Araketu), Circulou (hit do Carnaval com Saulo Fernandes e a Banda Eva) e Inventando Moda (composição em parceria com a filha Kalinde Mayara, de dez anos.
Magary Lord – Hoje, a partir
das 22h, no Clube do Servidor (Setor de Clubes Norte, em
frente à Tenda da UnB). Ingressos: R$ 80 (feminino) e R$ 100 (masculino), a inteira. Pontos de Vendas: Zimbrus (Pier 21, 305 Sul, Águas Claras e Taguatinga). Informações: 3347-6763 ou 9245-2820. Não recomendado para menores de 16 anos.