Camilla Sanches
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Finalmente começa a sair do papel a tão esperada reforma do Cine Brasília. Pequena parte da obra foi concluída ano passado, para a realização do 44º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, em setembro de 2011. No início da semana, as secretarias de Cultura e Obras do Distrito Federal assinaram a ordem de serviço que dá início à segunda etapa da restauração.
De acordo com o subsecretário de Patrimônio Histórico, Artístico e Cultural do DF, José Delvinei Santos, os trabalhos devem ser concluídos em novembro deste ano e, por conta disso, o festival acontecerá na Sala Villa-Lobos do Teatro Nacional Claudio Santoro. “Não vejo nenhum prejuízo ao público. Na minha opinião, ele só vai ganhar com isso em conforto, qualidade e, também, em capacidade, porque a sala suporta mais que o dobro da plateia do Cine Brasília”, considera ele.
Segundo o secretário, a alteração de local foi feita para que a obra não ficasse refém do evento. “Optamos por levar as exibições para a Villa-Lobos para que a reforma não acabasse às pressas. A abertura já acontece lá. O que vamos fazer é manter a mesma estrutura durante os demais dias de programação”, explicou.
O cineasta Iberê Carvalho acha que é problemático deslocar o Festival de Brasília para fora da sua casa de origem. “Se a verba só saiu agora, que se faça a obra, há tempos muito necessária, afinal não se pode deixar um espaço como aquele cada vez mais sucateado”, disse. “Mas é triste ver o festival ter que mudar de local porque a reforma só pode acontecer neste momento”, opina ele.
O subsecretário esclarece que a demora no início das obras não deveu-se a problemas com a liberação da verba, disponível desde novembro passado: “Nem sempre o ritmo do nosso desejo consegue acompanhar o ritmo da burocracia. Seguimos todos os passos, como determina a lei, mas o processo licitatório é muito lento. Por esse motivo só pudemos começar agora”.
Maquiagens
Para o diretor de cinema Thiago Moyses, a reforma é uma boa notícia, apesar da mudança da competição para o Teatro Nacional. “Até hoje, só foram feitas maquiagens na estrutura e isso não resolve os problemas. A mudança temporária é um sacrifício necessário. Não é terror nenhum”, acredita. “É preciso baixar o ego dos cineastas. Estamos falando do principal teatro da cidade, uma boa sala para receber o evento”, frisou.
Moyses espera que haja, realmente, uma modernização do cinema da 106/107 Sul, segundo ele, um local com potencial para se tornar um cinema de vanguarda no Brasil. José Delvinei acredita que o desejo pode ser realizado. Para isso, neste segundo momento das obras, iniciadas nesta semana, estão previstas a troca das instalações elétrica e hidráulica, a construção de novos banheiros, incluindo aqueles adaptados para portadores de necessidades especiais, e a reforma dos antigos, além da instalação do novos sistemas de ar condicionado e de prevenção de incêndio.
Rampas e toda a estrutura necessária para garantir a acessibilidade a todo o complexo também estão no projeto. Haverá, ainda, a troca de revestimentos e a restauração da fachada de acordo com a original. A substituição da mobília fixa e revestimentos internos e externos que estejam danificados foi orçada, mas depende de autorização do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). “Nossa ideia é chegar a, no mínimo, mil cadeiras modernas e dobráveis, e isso alteraria e muito o projeto original”, observou Delvinei.
Quando foi inaugurada, em 1960, a sala dispunha de 1.200 lugares com cadeiras de madeiras. “Atualmente, ela abriga 608 poltronas que não são originais da fundação, mas da época do tombamento”, continuou ele. Esta segunda etapa da obra vai custar R$ 3,4 milhões. Uma terceira e última parte esta orçada no valor de R$ 5 milhões para a construção do prédio anexo, como prevê o projeto original do arquiteto Oscar Niemeyer.
