Michel Toronaga
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Quem tem medo do Lobo Mau? Pelo visto quase todos os habitantes de Daggerhorn, vilarejo medieval onde é ambientado A Garota da Capa Vermelha. Dirigido por Catherine Hardwicke, responsável por Crepúsculo, o longa repete vários elementos do fenômeno vampiresco na tentativa de agradar mais uma vez o público adolescente.
Por isso que a história traz novamente um triângulo amoroso composto pela mocinha Valerie (Amanda Seyfried, de Mamma Mia!) e dois galãs: o lenhador Peter (Shiloh Fernandez) e o ferreiro Henry (Max Irons, de O Retrato de Dorian Gray). Apaixonada desde a infância por Peter, Valerie pretende fugir com o amado no melhor estilo romance de banca de revista.
Mas ela descobre que está com casamento marcado com Henry. Como não se bastasse o dilema sentimental, a protagonista ainda tem outra coisa para se preocupar: um terrível lobo ameaça os moradores da pequena cidade.
Na verdade trata-se de um lobisomem, cuja identidade é um mistério mantido até o final. Esta não é a única diferença em relação à fábula original. A história, assinada por David Johnson – roteirista que surpreendeu (quase) todos com A Órfã – consegue fazer com que o conhecido conto de fadas Chapeuzinho Vermelho, dos irmãos Grimm, consiga continuar interessante.
O clássico diálogo “Que olhos grande você tem” aparece na telona, o que causou risadas do público durante a pré-estreia. A capa vermelha usada pela menina, a cesta para a vovozinha e machadadas no final são outros detalhes que foram mantidos fieis na adaptação.
Outro ponto competente é a fotografia, que encanta os olhos com belas imagens. A direção de arte também merece destaque, com uma cidadezinha linda e sombria. Realmente parece que tudo saiu de um livro de contos da carochinha.
Novela
Fazem parte do elenco a vencedora do Oscar Julie Christie (Longe Dela), no papel da avó e Gary Oldman (Harry Potter e a Ordem da Fênix), que interpreta Solomon, um padre-caçador que usa a fé e a força física com a intenção de aniquiliar de uma vez por todas o lobisomem. Os dois atores acrescentam uma maturidade à produção, que por si só parece ser voltada para os jovens.
Alguns momentos de suspense e violência surpreendem por quebrar o clima romântico dos personagens principais. Não é apenas um filme de amores impossíveis, embora, no final das contas, o resultado não seja muito diferente do que se possa esperar.
A Garota da Capa Vermelha tem um ritmo muito bom e movimentado, o que prende a atenção. As dúvidas sobre quem é o lobisomem também são positivas. Só que Hardwicke parece subestimar a inteligência do público, deixando as informações mastigadinhas. Flashbacks desnecessários repetem cenas exibidas recentemente e a impressão que se tem é que o filme poderia se sair bem melhor se abandonasse o tom folhetinesco e assumisse um tom mais sério. Em outras palavras, estava mais que na hora da Chapeuzinho Vermelho crescer.
Chocolate e rock’n’roll
Outra estreia em cartaz nos cinemas é HOP – Rebelde Sem Páscoa. Um dos personagens mais icônicos do imaginário infantil ganha uma releitura na animação que mistura atores reais com personagens criados por computação gráfica. Pegando carona no feriado que faz a alegria da criançada, o longa-metragem conta a história de Júnior, um coelho adolescente que não quer seguir a tradição e se tornar o coelho da Páscoa.
Ao invés de entregar cestas cheias de chocolates e doces, ele tem o sonho de se tornar um baterista de sucesso. Por isso que deixa a Ilha de Páscoa – onde são fabricadas todas as guloseimas – e parte para Hollywood.
Ele se encontra com Fred Lebre (James Marsden, de Encantada) quando é atropelado pelo carro do rapaz, que, assim como ele, também sofre pressão do pai para seguir um rumo na vida. Mas todos esses problemas são pequenos quando comparados com um terrível plano de Carlos, um pinto obeso que trabalha na fábrica de doces. Ele quer se tornar o próximo coelho da Páscoa e, mesmo sendo um animal de outra espécie, não vai medir esforços para conseguir alcançar o objetivo.
HOP – Rebeldes Sem Páscoa tem direção de Tim Hill (Alvin e os Esquilos), que parece estar acostumado com filmes que mesclam atores reais com animação. A trama traz elementos que agradam as crianças, como animais que falam, magias e uma incrível e moderna fábrica de gostosuras – algo como A Fantástica Fábrica de Chocolates, só que operada por coelhos e pintinhos.
O filme, dos mesmos criadores de Meu Malvado Favorito, é voltado para o público infantil, por isso são os pequenos que devem se divertir com o filme. O roteiro também fala também de perdão e questões familiares. Quem passou da idade pode aproveitar mais com um ovo de chocolate mesmo.