Brasília ganha um presente sem igual no seu aniversário de 50 anos. E ele veio de longe, da África e da Europa. 120 crianças, 30 angolanas, 30 portuguesas e 60 do Distrito Federal se apresentam nesta terça-feira, na Sala Villa-Lobos, sob a regência de ninguém menos do que o percucionista pernambucano Naná Vasconcelos.
Ao lado da Orquestra Sinfônica do Teatro Nacional Cláudio Santorol, as crianças vão cantar e dançar músicas para celebrar a língua portuguesa. O Projeto Língua Mãe é inspirado em um outro desenvolvido por Naná há mais de 15 anos – o ABC Musical.
“Eu espero que seja uma forma de incentivo a volta do ensino da música nas escolas. Além disso estamos devolvendo à África e à Portugal coisas que eles nos deram”, afirma Naná Vasconcelos. “É uma forma de resgatar por meio da música, nossas raízes”, completa. Há 20 dias em Brasília, o grupo embarca de volta para suas casas amanhã, portanto, a apresentação é uma oportunidade única para ver e aprender com os pequenos que não existe diferença de cor, raça, credo ou cultura que separe a humanidade.
“Fomos muito bem recebidos aqui. O calor humano dos brasileiros nos surpreendeu. Aqui não importa de onde somos e de onde viemos. Isso é muito bom”, avalia Ana Bongue, professora e integrante do grupo de adultos responsável pelas crianças de Angola. “É um dos pontos altos da nossa escola poder oferecer e incluir essas crianças em um evento cultural internacional desse porte. Apesar das diferenças culturais, elas não tem barreiras e isso nos inspira também”, observa JoãoCosta, professor da Escola de Música Perosinha, de Vila Nova de Gaia em Portugal.
A cidade de Brasília também provocou espanto e admiração tanto nas crianças quanto nos adultos. “É uma cidade muito espaçosa e bonita. Muito diferente da nossa. E é muito nova também, em comparação com a nossa”, salienta Sandra Pinto, de Portugal. “Achamos muito bonita e espalhada. A quantidade de áreas verdes impressiona”, pontifica Maria Odete Feijó, de Angola.
Além da troca cultural e da experiência de viajar para outro país, as crianças levarão para casa muitos amigos. Natália da Gama de 12 anos fez seis amigos e se encantou com os brasileiros e portugueses. “Vou contar para os meus pais que gostei da galera do Brasil e das músicas. As pessoas foram simpáticas comigo”, disse. David Cruz, 9 anos, de Portugal e Raquel Pereira, 7 , de Ceilânida também ficaram contentes com os novos amigos que fizeram e com as novas brincadeiras aprendidas. “O Brasil é um país espetacular”, elogiou o menino.
O projeto Língua Mãe, no entanto, conta com a participação da equipe D7 Filmes e do diretor Leo Falcão que acompanham Naná Vasconcelos para documentar todos os trabalhos feitos pelo projeto. A equipe esteve na África e na Europa para conferir as oficinas até a conclusão do show de hoje, que também será transformado em DVD. O Ministério da Cultura e a Petrobras são parceiros da inciativa, e quando pensaram em se apresentar no Brasil, Brasília ganhou de presente esse projeto que entrou para as comemorações oficiais dos 50 anos da cidade.
Projeto Língua Mãe – Nesta terça-feira, às 20h, Sala Villa-Lobos (Teatro Nacional). Entrada franca. Classificação livre.
