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Programa Viva Maria completa 30 anos em defesa da mulher

Arquivo Geral

13/09/2011 8h49

Camilla Sanches
camilla.sanches@jornaldebrasilia.com.br

“Naquela época, uma mulher grávida não tinha nenhuma chance de ser contratada numa empresa, mesmo que esta fosse pública”. A afirmação é da jornalista e radialista, Mara Régia, que comanda o programa Viva Maria, na Rádio Nacional, todas as manhãs, por volta das 10h05. Na oportunidade, ela tentava ser contratada no veículo, onde já trabalhava sem carteira assinada desde 1979.

“Eu já desconfiava da gravidez do Filippo, meu segundo e último filho. Pensei, vou pedir um xixi emprestado. Acho que peguei o do meu marido”, conta, sem o menor remorso, a mãe do rapaz, de 30 anos, e de Mirella, de 31, que sobreviveu a um parto prematuro, aos sete meses, graças à decisão da progenitora de abandonar o emprego numa agência de publicidade para amamentar a cria. “Se eu não tivesse feito isso o programa não existiria, talvez”.

É dela o projeto de criação do Viva Maria, que nasceu no dia 14 de setembro de 1981 e comemora, amanhã, três décadas na ativa. “Nunca ficamos um dia fora do ar. Saímos da Nacional por dois anos, mas nos mantivemos na Rádio Capital, antes de retornar à antiga casa”, lembra. “São 30 anos pilotando os microfones, chamando as “Marias” para a luta”.

As celebrações começaram na última quarta-feira, feriado da Independência. Mas o grande dia é amanhã, no Espaço Cultural da EBC, antiga Radiobrás (1º subsolo do Venâncio 2000), a partir das 9h30, com lançamento de um selo personalizado e carimbo comemorativo sobre o Dia Latino-Americano da Imagem da Mulher nos Meios de Comunicação.

A marca do Viva Maria é a defesa dos direitos da mulher. “Sou feminista. Nunca fiz outra coisa na vida a não ser lutar pela cidadania feminina. Feministas, sim, graças a Deus!”, brada Mara, com a mesma voz forte de sempre, mas com a maturidade de seus 60 anos, completados ontem.

Começo
Há três décadas, a radialista Mara Régia – formada em Ppublicidade e Jornalismo pela Universidade de Brasília (UnB) –, estreava na Rádio Nacional um programa dedicado à luta pelos direitos das mulheres. O veículo foi o primeiro do país a dar identidade e voz às histórias de tantas mulheres, numa iniciativa pioneira que contribuiu para tornar o programa Viva Maria referência para o rádio brasileiro. Hoje, ele tem duração média de cinco minutos, uma coluna apenas, mas seus efeitos não encontram fronteiras.

Entre as conquistas das ondas sonoras emitidas pela locutora, podem ser destacadas a criação da primeira Delegacia Especializada de Atendimento a Mulher (DEAM) e do Conselho dos Direitos da Mulher do Distrito Federal, resultados de vigorosas campanhas públicas impulsionadas pelo programa.

Em 1990, a pretexto de uma reforma administrativa, Mara Régia foi afastada da Rádio Nacional. Àquela época realizava-se em San Bernardo, na Argentina, o V Encontro Feminista Latino-americano e do Caribe que, entre as participantes, reunia grande número de jornalistas e comunicadoras.
 
Num gesto de reconhecimento da luta do programa, elas elegeram a data em que o Viva Maria entrou no ar – para nunca mais sair –, como o Dia Latino-Americano da Imagem da Mulher nos Meios de Comunicação. Atualmente, ele consta do calendário oficial da ONU Mulheres e é comemorado em todos os países da América Latina.

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