Andréia Castro
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Após 10 anos de carreira, Maria Rita finalmente criou coragem para encarar o desafio de cantar Elis Regina. Foram meses de pesquisa de repertório e total dedicação a cada detalhe do espetáculo, desde o cenário até o figurino. No ano em que se completam três décadas que a eterna Pimentinha nos deixou, a cantora decidiu ignorar as eternas comparações e se entregou de corpo e alma ao projeto que mostra uma intérprete segura, a despeito da genética semelhança de timbres. Em entrevista ao Jornal de Brasília, a intérprete, que está grávida do guitarrista Davi Moraes (que faz parte da banda que a acompanha no show), revela que sempre quis homenagear a mãe. Apresentando a turnê Redescobrir, Maria Rita chega à capital neste sábado, às 21h30, no estacionamento 2 do Iguatemi Shopping (Lago Norte). Ingressos: de R$ 90 a R$ 200. Classificação livre.
Elis Regina deixou um repertório incrível. Fale um pouco sobre os critérios para a escolha das canções.
Foram os mesmos que sempre uso para escolher o repertório para os meus discos. Tendo em vista que este show é uma homenagem – e não um tributo ou um musical – a escolha partiu do ouvir, do escutar e me identificar com a canção, fosse pela letra, fosse pela melodia, fosse pela história a ser cantada. Óbvio que as mais fortes do repertório, como O Bêbado e A Equilibrista, por exemplo, entraram porque eu não sou nem louca (risos).
E os arranjos? Como foram criados?
Coletivamente. Não tenho formação musical, mas tenho muito claro, na minha cabeça, o que quero ouvir a partir do momento que escuto uma canção. Não tenho diretor musical, o que “força”, de uma forma muito saudável, a troca entre os músicos e eu. E eles me conhecem há muito tempo. Sabem traduzir com muita elegância o que eu ouço na minha cabeça. Somos uma turma muito democrática.
Você já tinha essa vontade de fazer um show inteiro cantando Elis há muito tempo?
Se eu dissesse que sim, estaria mentindo e sendo oportunista. Não. Um show inteiro jamais tinha passado pela minha cabeça – mas alguma homenagem, isso, sim, sempre existiu. Ela é minha mãe, uma mulher forte, guerreira, corajosa, inteligente, que precisa ser mantida viva no imaginário do brasileiro. Seja cantando, escrevendo ou autorizando homenagens (o que já faço desde os meus 12 anos de idade), essa missão é latente dentro de mim.
Mas chegou a ter medo das inevitáveis comparações?
Acho que esse assunto já deu, sabe? Desde que comecei a cantar, ouço que sou avessa às comparações, e isso é uma inverdade. Se há pessoas que esperam que uma filha não tenha absolutamente nada de semelhante com a sua mãe, lamento. Se ficarem ofendidas com essas semelhanças, também lamento. Agora, o que sempre lutei contra, com consequências negativas e pesadas à minha carreira – consequências, essas, que carrego sem o menor sentimento de vitimização – foi o oportunismo e o sensacionalismo de terceiros. Isso, eu não admiti jamais. E acabou virando esse assunto de que eu me incomodava com as comparações.
E como é ouvir a plateia cantando as músicas do repertório de sua mãe?
É um presente para mim, filha, mas principalmente para ela. Tenho certeza que ela estaria transbordando felicidade e honra.
Você fará algum registro em CD ou DVD desta turnê?
Sim. O CD e DVD chegam às lojas no dia 6 de novembro.