Do rock eletrônico ao metal melódico, passando pela MPB e pelo hardcore. Foi assim a 14ª edição do festival Porão do Rock, que reuniu 55 mil pessoas, sem registrar nenhuma ocorrência policial grave. O público foi à loucura com o som pesado do Ratos de Porão, Angra, Raimundos e Krisium. Já atrações como Copacabana Club, Cidadão Instigado e Érika Martins, da cena independente, chegaram sem pretensão e saíram sob aplausos e gritos de “mais uma”.
O festival trouxe este ano 43 bandas aos três palcos montados no complexo do Ginásio Nilson Nelson. Dessas, 20 eram do Distrito Federal.
A escalação do Porão privilegiou as bandas independentes, o que deu mais visibilidade aos grupos do DF. O power trio de eletro rock Lucy & The Popsonics baseou o repertório no primeiro disco, A Fábula (ou a Farsa?) de Dois Eletropandas, lançado há cinco anos. “Resolvemos escolher músicas mais pesadas, menos eletrônicas, para tocar”, explicou a vocalista e baixista Fernanda Popsonic.
Dentre os artistas locais, os mais aguardados eram os Raimundos, que se apresentaram na primeira noite e tocaram todos os sucessos que fizeram a cabeça da geração 90 do rock nacional. Mulher de Fases, Palhas do Coqueiro, Eu Quero Ver o Oco, I Saw You Saying (That You Say That You Saw), entre outras, estavam no set list.
A caricoa Érika Martins, ex-Penélope, revelou sua forte relação com a cena local. “Quando eu era criança, vim morar aqui e acabei criando essa identificação com a cidade. Adoro bandas como Lucy & The Popsonics, Little Quail e Raimundos, por exemplo”, contou. Desde os anos 1990, quando fazia parte da banda Penélope, Érika se apresenta na capital tanto como cantora quanto como DJ.
Shows lotados
Dois palcos foram armados no estacionamento do ginásio, enquanto um terceiro ficou do lado de dentro. Lá o som era mais pesado, voltado para heavy metal e para o hardcore. O Corpo de Bombeiros prestou todo o apoio para garantir a segurança do público, já que somente 3 mil pessoas poderiam ocupar a quadra esportiva e, durante algumas apresentações, como os shows do Angra e do Ratos de Porão, até mesmo as arquibancadas superiores ficaram lotadas. O público respeitou as regras de segurança e nenhum incidente foi registrado.
“O heavy metal tem essa coisa de adoração. O público é muito fiel, lota nossos shows sempre e quer estar o mais próximo possível”, comentou o vocalista do Angra, Edu Falaschi.
Em suas 14 edições, o Porão do Rock já recebeu 805 mil espectadores e mais de 350 atrações diferentes. Desde 2006 o festival faz parte do calendário oficial do Distrito Federal. Este ano, de acordo com o produtor-geral Gustavo Sá, se não fosse viabilizado pelo GDF, o Porão teria metade de seu tamanho e provavelmente cobraria pela entrada. Com a entrada gratuita, o acesso à cultura é universalizado. A organização do Porão pediu apenas que o público doasse um quilo de alimento não perecível, para a campanha Rock Contra a Fome. Ao todo, 24 toneladas foram recolhidas.