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Polêmica chega à Cannes com o argelino "Hors-la-loi"

Arquivo Geral

21/05/2010 16h33

A complexa relação entre a França e Argélia chegou hoje a Cannes com “Hors-la-loi” (fora da lei, em tradução livre), um filme do diretor francês de origem argelina Rachid Bouchareb.

Sob acusações de “antifrancês”, o longa foi exibido hoje em Cannes, onde foi bem recebido. O diretor manteve uma atitude tranqüila e tentou diminuir a tensão gerada desde que foi divulgado que o filme competiria no festival.

“Hors-la-loi” conta a história de três irmãos desde o começo dos primeiros movimentos independentistas na Argélia em 1945, até pouco antes da independência do país, em 1962.

No filme é possível ver os massacres de argelinos nas mãos do Exército francês; a implantação da Frente de Libertação Nacional na França; a escalada de violência nos dois países e o enfrentamento interno entre os argelinos, através das diferentes posturas dos irmãos.

Bouchareb diz que queria criar um debate que permitisse virar a página do passado colonial da França na Argélia, não provocar um protesto violento.

“Estou surpreso porque queria abrir um debate com serenidade, não criar um enfrentamento. A relação do passado colonial entre a Argélia e a França é muito tensa, mas isto gerar tal violência contra o filme é um exagero”, afirmou o diretor.

Ele afirmou que diversas pessoas que criticaram o filme barbaramente nem chegaram a vê-lo.

“Alguns tacharam o filme de antifrancês, e não é verdade. Não há nada no filme que possa confirmar essas acusações”, disse Bouchareb.

Outro filme exibido hoje em Cannes foi o tailandês Lung Boonmee Raluek Chat, do diretor Apichatpong Weerasethakul.

O filme foi aplaudido de pé, no entanto a história ficou de lado na entrevista coletiva em que o diretor contou as dificuldades que sofreu para chegar ao festival. Como Bangcoc estava sob toque de recolher, sair do país era praticamente impossível.

Weerasethakul passou pela embaixada da França, da Espanha e da Itália até conseguir embarcar para o festival em meio aos tiroteios e barricadas do exército que tomavam o centro da cidade.

O filme fala, de uma forma pausada e tranqüila, sobre uma Tailândia em que as pessoas ainda acreditam em fantasmas e a pressa não existe.

“Lung Boonmee Raluek Chat”, cuja tradução é algo como “O tio Boonmee lembra suas vidas passadas” é um filme difícil de classificar, em que os silêncios contam tanto ou mais que os diálogos.

É a história das lembranças do tio Boonmee através dos espíritos das pessoas que fazem parte de seu passado ou de suas vidas anteriores.

“Para os tailandeses, especialmente os criados no noroeste, é normal a influência da crença animista, a transmigração das almas. Para nós os animais e as plantas têm espírito, sempre foi assim”, contou o diretor de forma natural.

Um filme pouco comercial, mas poético e com um cinema baseado na ilusão, como assinalou o diretor.

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