O amor está no ar… nos muros, nas calçadas e até mesmo em placas. Intervenções urbanas espalhadas por Brasília semeiam o conceito do amor e da poesia e chamam atenção para pequenos detalhes que passam invisíveis aos olhos.
O grupo Coletivo Transverso é responsável por colorir pontos da cidade com frases como “Atenção, isto pode ser um poema”; “A vida é um emaranhado de nós”; e “Em caso de dor, dance”. Hoje, conta com três integrantes, Patricia Bagniewski; Cauê Maia, que se mudou para o Rio de Janeiro e agora representa o coletivo em terras cariocas; e Patrícia Del Rey, que leva colaboração de diversas pessoas em suas viagens. “A arte urbana contempla o erro, o incompleto, o imperfeito, mas também o singelo, o infantil e o efêmero. E dessa contradição vem uma força expressiva bem particular”, ressalta a artista plástica Patrícia Bagniewski.
A criativa iniciativa foi criada em janeiro de 2011, em almoços entre amigos em uma república da Asa Norte. “Começamos a compartilhar técnicas sobre arte urbana. Os encontros se tornaram constantes, logo surgiram novas frases e a vontade de formar o coletivo”, explica Patrícia.
Estêncil e lambe-lambe
Os métodos utilizados para poetizar Brasília são o estêncil, um molde recortado com frase ou desenhos aplicado com tinta; e o lambe-lambe, um poster de papel preso com cola. “Cada intervenção tem processos diferentes de criação, planejamento, produção, execução, registro e divulgação. Já realizamos mais de 300 intervenções nestes dois anos de Transverso, e hoje temos duas sedes, uma em Brasília e outra no Rio de Janeiro”, comemora a artista.
Repare nos muros
Outra arte bacana é a que acontece no tumblr Olhe os Muros (olheosmuros.tumblr.com), que reúne fotografias de intervenções urbanas artísticas, como frases e imagens que buscam inspirar, refletir ou apenas roubar um sorriso de quem olha. O site recebe colaboração de diversas partes do País.
O amor é importante
Em meados de 2009, o artista Ygor Marotta começou a escrever pelas ruas de São Paulo a frase “Mais amor, por favor”. Mas ele não imaginava a proporção que a frase traria para sua vida. “Era um pedido de alerta em meio à toda agressividade do cotidiano”, explica Ygor. A iniciativa, que também está espalhada pelas ruas de Brasília, despertou olhares curiosos e virou febre na internet. Ano passado, iniciaram-se as colagens coletivas. “É um encontro com pessoas que apoiam o movimento e querem fazer parte dele: juntos, definimos uma rota e saímos para espalhar os cartazes pela rua”, destaca.
Gentileza espalhada pela capital
Seguindo os preceitos da gentileza, o Mapa Gentil atua no Distrito Federal despertando o interesse do cidadão pela sua cidade. O coletivo possui 97 intervenções feitas em Taguatinga, Ceilândia, Samambaia e Riacho Fundo, todas realizadas no ano passado. Em 2013, várias outras já estão sendo fixadas pelas ruas de Taguatinga.
“As obras estão sendo cuidadosamente mapeadas e podem ser visitadas por moradores, pedestres, motoristas, turistas, amantes da arte, além de surpreender pessoas que passam despercebidas pelas ruas, feiras e ciclovias”, conta Janaína André, coordenadora do projeto.
Parceria do bem
As intervenções se estendem às escolas, com parceria entre professores e alunos, que ajudam a semear o bem. “É uma forma de aproximar a arte dos colégios e da cidade”, pontua Janaína. “As pessoas podem interagir com a gente e participar de oficinas criativas”, conclui.
O calendário de oficinas está disponível no site do projeto, em mapagentil.com.br. O formulário para participar dos cursos também está lá. As aulas são ministradas por artistas convidados, que possuem forte relação com a arte urbana.
