Camilla Sanches
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OK, podemos riscar o termo festa junina de nossos calendários, pois ele sozinho não exprime mais o significado de uma festa em homenagem a São João em sua plenitude. Junho se foi, julho também e eis que agosto está aí com mais uma festa do gênero, a maior delas, por sinal: a quinta edição do Maior São João do Cerrado, que começa hoje com Geraldo Azevedo, Alceu Valença e Peninha.
“O Brasil está perdendo sua identidade musical. Por isso, é bacana participar de um evento genuinamente brasileiro como este”, diz Alceu, que sobe ao palco na abertura, logo mais à noite. Ele é taxativo: “É subserviência cultural e complexo de cachorro vira-lata.”
Para o artista de São Bento do Una (PE), isso é fruto dos meios de comunicação. “É de um colonialismo cultural absurdo. Estou culpando nós mesmos, os brasileiros.” O músico indaga: “Por que as rádios só tocam música estrangeira? Vamos mudar logo nosso idioma, uai?”
Depois do desabafo, Alceu promete um show pra cima, diferente do que apresentou aqui no Festival das Águas. “Se estamos falando de São João, vou cantar forró, xote, baião.” No repertório, de tudo um pouco: Gonzagão, Jackson do Pandeiro e composições próprias. “Vou cantar Baião, Vem Morena, O Canto da Ema e Coração Bobo, é claro”.
Geraldo Azevedo também vem com a corda toda. Aos 66 anos, quase 40 de carreira, o pernambucano de Petrolina não perde o gás e a alegria de viver e de cantar. “Vou apresentar duas músicas do novo trabalho, o CD e DVD Salve, São Francisco – homenagem ao rio que beira sua cidade e tantas outras do Nordeste –, Petrolina e Juazeiro e Riacho do Navio”, adiantou. Com show às 23h30, Geraldo promete adentrar a madrugada. “Vamos amanhecer o dia lá. Ninguém vai ficar quieto.”
De hoje a domingo, o Maior São João do Cerrado recebe, ainda, Elba Ramalho, Gilberto Gil, Frank Aguiar e Banda Calypso. Ao todo, mais de uma centena de apresentações, além de quadrilhas. Todas as atrações são gratuitas – exceto a entrada para o parque de diversões – e têm classificação livre.