Camila Maxi
Especial para o Jornal de Brasília
Na infância você queria saber o significado de todas as palavras do mundo? O universo infantil é recheado de curiosidades, e conhecer o que está no dicionário pode ser um desafio encantador para os pequenos. De volta à capital neste final de semana, o espetáculo O Menino Que Vendia Palavras é baseado na obra homônima escrita por Ignácio de Loyola Brandão.

A peça conta a história de Menino (Pablo Sanábio), que tem uma turma muito descolada e divertida. O garoto tem seu pai (Eduardo Moscovis) como grande exemplo de sua vida, já que ele é um cara culto e que lê muito. Por causa do hábito, o pai possui um rico vocabulário. Quando precisam saber o significado de alguma palavra, é a ele que a turma recorre.
Fascinado pelo universo das letras, Menino adora brincar com sua turma usando um dicionário. Mas, durante uma brincadeira, João Perneta (também interpretado por Moscovis), o antagonista da história, tenta provocá-lo perguntando o significado de uma palavra muito difícil. Ele recorre então, a seu pai, que para seu espanto, não sabe responder. “Me surpreende o quanto é prazeroso a descoberta do conhecimento e como fazer teatro para crianças com qualidade é fundamental”, diz o ator Pablo Sanábio.
Ao longo do espetáculo, projeções em vídeo e animações em stop motion promovem mais interatividade e prendem a atenção do público. Com tanta magia no palco, se torna irresistível não relembrar da infância. “A peça me remete quando era pequeno e adorava inventar histórias a partir de outras histórias que escutava na escola. Isso poderia se manifestar por meio de uma peça, um desenho, uma música, entre outras coisas”, comenta Pablo.
infância
A preparação dos atores exigiu que eles voltassem aos tempos de criança, para melhor desenvolvimento das atuações. “Fizemos duas residências de duas semanas cada, e mais de dois meses de ensaios para que pudéssemos resgatar nossas recordações e colocá-las no espetáculo”, diz Eduardo Moscovis.” Os jogos, brincadeiras e imagens que estão presentes na peça vieram todos desse período dos ensaios”, afirma.
E mesmo vivendo em tempos repletos de tecnologias, Pablo acredita que a criançada ainda pode ter amor pelos livros. “Percebo que esse movimento tem que vir dos pais e da escola. A criança de hoje nasce com o iPad do lado, com a internet. Mas não tem nada mais gostoso do que sentir o cheiro de um livro novo e folhear as páginas. É algo poético, uma vivência que a tecnologia não pode te oferecer”, opina o ator. E, com humor, relembra uma situação que lhe aconteceu após uma apresentação: “Um dia um menino de oito anos de idade me perguntou: ‘Você estava querendo saber onde encontrar o significado das palavras? Então, é óbvio que é no Google’. Me surpreendi, foi divertido”.