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Peça de estudantes da UnB recebe prêmio Sesc de Teatro Candango

Arquivo Geral

29/12/2012 18h42

Construído em subsolos da vida real e imaginária, o espetáculo Não alimente os bichos vem abrindo espaço pela ousadia. A peça foi concebida em 2011, por oito formandos de Artes Cênicas da UnB, e em 2012 o grupo – agora batizado de Cia. Subsolo 59 –  apresentou-se no Prêmio Sesc do Teatro Candango. Acabou premiado nas categorias de melhor atriz e melhor ator – Natasha Padilha e Diego Borges.

 

Resultado de um ano de pesquisa, Não alimente os bichos gira em torno de um circo improvisado em um “subsolo-galpão-porão”, na definição de Diego Borges. Neste ambiente abandonado, o personagem Benvindo (vivido por Borges) constrói um circo imaginário em que só há lugar para o fantástico e o onírico. Outros personagens entram nesse mundo e completam o delírio de ciganos, palhaços, mulheres-gorila e toda sorte de personagens alterados. “É o lado da fantasia de cada um em seus sonhos mais íntimos, que fora daquela comunidade não seriam permitidos. Buscamos os marginais, os excluídos, os loucos”, conta Natasha Padilha.

 

O espetáculo incorpora truques típicos do circo, como mágica, levitação e até o serrote que corta uma mulher ao meio. Nessa relação circo-teatro, acredita Diego Borges, reside a inovação proposta pelos ex-estudantes da UnB. “Os circos mais modernos têm valorizado não só o virtuosismo do número – a capacidade de iludir na mágica ou de se arriscar no trapézio – mas também a dramaticidade com que se faz isso. É trazer um pouco de teatro para o circo e vice-versa”.

 

FREAK SHOW

 

“O Benvindo é, tecnicamente, um esquizofrênico”, observa Diego Borges. “Monta um grupo que passa a apresentar-se todas as noites, mesmo sendo um fracasso de público. Em uma brincadeira metalingüística, o público em si, aquele que veio assistir, passa a ser tratado como se ele próprio não existisse”. Já a Matriarca, personagem interpretada por Natasha Padilha, é tratada pela atriz como ponto de ligação entre a fantasia livre e a realidade opressora. “É a personagem mais velha do desse freak show, que olha pelos outros e cuida deles. Porém, é bastante ranzinza, na medida em que não tem mais condições físicas para dançar, mas que fazê-lo mesmo assim”.

 

Sem dispor de espaços ideais de ensaio e apresentação, “Não alimente os bichos” foi criada e encenada pela primeira vez no subsolo do Departamento de Artes Cênicas, na sala 59. Daí o nome do grupo, “registro de uma arte criada mesmo sob precariedade”, como define Diego Borges. Para Natasha Padilha, mais do que superada, a falta de recursos foi incorporada à história. “Terminou como parte da estética da peça. Foram agregados elementos que a gente comprava, tudo de baixo custo, reaproveitado. Compôs bem como estética da decadência, que nos interessa muito”.

 

Após a graduação do grupo, a peça extrapolou o âmbito da UnB, passando por eventos como o Festival de Circo de Brasília e Festival Estudantil de Teatro de Belo Horizonte, além de montagem na Sala Plínio Marcos da Funarte, na capital federal. O Prêmio Sesc chega como a consolidação desse trabalho de dentro para fora da Universidade.

 

“Os prêmios vieram para as atuações, mas vão além. Valorizam essa nova geração que está saindo da Universidade e mostrando a cara em todas as áreas – escrita, direção, iluminação, figurino e o que mais for preciso. Estamos inseridos em uma nova dramaturga brasiliense”, orgulha-se Diego Borges. “A peça foi feita dentro da UnB e, a princípio, para a UnB. A Universidade foi nossa incubadora”, brinca Natasha. E completa: “Os prêmios são bem representativos, mais do que para mim pessoalmente, mas para quem vem de onde viemos. A Universidade está produzindo bons talentos, gerando trabalhos novos e ousados”.

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