A terceira edição do Festival de Paulínia começou na noite desta quinta-feira (15), com uma cerimônia para convidados, em que foi exibido O Beijo da Mulher Aranha, de Hector babenco, homenageado da noite.
O que chamou a atenção foi a redução significativa do tapete vermelho que se estende na entrada do imponente Theatro Municipal de Paulínia pousado no meio do nada, na entrada da cidade. Coincidência ou não, foram poucas as celebridades que participaram desta primeira noite.
Coube aos apresentadores Fernanda Torres e Lázaro Ramos reforçar a significância de Paulínia como pólo cinematográfico do Brasil, relembrando as produções ali realizadas e que, no último ano, entraram para o circuito comercial. É o caso de Salve Geral, (Sérgio Rezende), É Proibido Fumar (Anna Muyleart) e, claro, Chico Xavier (Daniel Filho), que já foi assistido por mais de 2 milhões de pessoas. Esses longas, mais o ainda inédito Cabeça a Prêmio (Marco Ricca), também realizado em Paulínia, serão apresentados no festival, fora de competição.
A organização acertou em cheio ao convidar Fernanda Torres e Lázaro Ramos, que graças à desenvoltura e bom humor, transformaram mais de uma hora de agradecimentos protocolares em um show a parte.
No entanto, a grande estrela da noite foi o cineasta argentino radicado no Brasil Hector Babenco, que recebeu o troféu Menina de Ouro por sua obra e teve um de seus longas mais aclamados, O Beijo da Mulher Aranha, exibido em versão restaurada. Ele acompanhou a cerimônia com a namorada, a atriz Bárbara Paz, que também faz parte do júri de longas-metragens.
Emocionado, Babenco relembrou suas motivações para fazer cinema. “Nunca me rendi a nenhuma norma ou escola. Fui fazer cinema porque era a única coisa que sabia fazer. Fora isso, sou um inútil”, brinca o diretor, que começou sua carreira como figurante. “Quero continuar trabalhando, fazendo cinema e chutando o pau da barraca”.
O diretor aproveitou para deixar uma crítica no ar: “Paulínia tem 80 mil habitantes e um cinema. Eu cresci em uma cidade com 114 mil habitantes e 14 cinemas”.
Baseado no livro de homônimo de Manuel Puig, O Beijo da Mulher Aranha rendeu o Oscar de melhor ator ao protagonista William Hurt – que contracena com Raul Julia -, além de indicações a melhor filme, melhor diretor e roteiro adaptado. Em 2010, o filme complete 25 anos e foi a única produção latino-americana a ser selecionado para a seção Cannes Classics deste ano.
O filme conta a história de um prisioneiro político (Julia) que divide uma cela de prisão com um homossexual (Hurt). Suas visões de mundo entram constantemente em choque, uma vez que o personagem de Hurt prefere viver em uma fantasia a encarar a realidade, enquanto o personagem de Julia não acredita em nada além de sua luta. “Não fiz o filme em inglês por achar uma língua superior e não usei atores americanos por achá-los melhores do que os brasileiros. Fiz simplesmente porque tinha contas a pagar”, afirma o diretor.