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Viva

Panorama da produção francesa em festival

Arquivo Geral

03/05/2013 11h41

O melhor da produção cinematográfica francesa recente – sendo a maioria ainda inéditos no Brasil – chega hoje à cidade. É o Festival Varilux do Cinema Francês, que recheia a programação das salas candangas até 9 de maio.

 

A edição 2013 da mostra passará por 40 cidade brasileiras. Em Brasília, a mostra acontece no CineCultura, do shopping Liberty Mall, e no Espaço Itaú de Cinema, do Casa Park. Serão 15 filmes, passeando por vários gêneros, como comédias, dramas, thriller e animação.

 

Dimensão onírica

A bela Monica Bellucci estrela Aconteceu em Saint-Tropez, de Daniele Thompson, diretora e roteirista que pratica um cinema comercial de bom gosto, permeado de observações sensíveis, em geral sobre a mulher no mundo.

 

Mas o festival promete muito mais. Léa Seydoux, a vilã de Missão Impossível – Protocolo Fantasma, vem mostrar Adeus, Minha Rainha, acompanhada do diretor Benoit Jacquot. Os últimos dias de Maria Antonieta são vistos pelos olhos de sua aia, e ela dorme e desperta várias vezes, dando ao filme uma dimensão onírica, como se a queda da monarquia francesa fosse um sonho.

 

A louca

Atrações não vão faltar, desde o conto de fadas às avessas Além do Arco-íris, de Agnès Jaoui – que também estrela o filme –, até Camille Claudel 1915, o novo de Bruno Dumont com Juliette Binoche como Camille em seus anos de internamento no instituto psiquiátrico. Dumont faz sua estrela representar com alienados de verdade. Cria momentos de um misticismo perturbador.

 

Querem mais? A bela cinebiografia de Renoir (o pintor), em que Michel Bouquet está magnífico; Ferrugem e Osso, de Jacques Audiard, com outra genial atuação de Marion Cotillard; e O Homem Que Ri, em que Jean-Pierre Améris reinventa Victor Hugo.

 

Excesso de surpresas hipnóticas

Desde que foi saudado como diretor de filmes cheios de energia e irresistível pegada pop, o inglês Danny Boyle seguiu uma trajetória em que uns poucos acertos mal disfarçam suas mancadas.

 

Após ganhar um Oscar de melhor diretor em 2009 com Quem Quer Ser Um Milionário?, Boyle volta a perder a mão com Em Transe.

 

O thriller acompanha as reviravoltas que se seguem ao roubo de uma obra de arte durante um leilão. Na confusão, misturam-se um leiloeiro com amnésia, os bandidos e uma psiquiatra gostosona especialista em hipnose.

 

Para manter o interesse, os roteiristas fazem os suspeitos virarem vítimas e vice-versa a cada dez minutos.

 

Malabarismos

O artifício pode parecer estimulante só para quem nunca viu um dos filmes noir feitos na Hollywood dos anos 1940 ou alguns de seus pastiches, com as mulheres de mil faces e os inocentes mais malvados que os vilões.

 

No esforço de injetar energia e manter o interesse, o filme adota malabarismos visuais e uma cenografia que impressiona os que se encantam com design e estilo. A certa altura, porém, a tendência é provocar cansaço.

 

Como adepto de uma estética hiperbólica, Boyle sempre acreditou que o excesso pode vencer o torpor.

 

Para demonstrar isso, nos últimos vinte minutos do filme, a aceleração da ação e as reviravoltas na trama se acumulam com uma trilha musical que não dá trégua.

 

Nós, coitados, ficamos como o protagonista de 127 Horas, presos numa armadilha e dispostos a arrancar um braço para dar fim à tortura.

 

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