
Carolina Tulim
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Quem esperava morcegos decapitados e referências satânicas encontrou refrescantes jatos de espuma, que jorravam de uma mangueira, e enormes baldes de água sendo arremessados no show de uma das maiores lendas vivas do rock, Ozzy Osbourne. Ele lotou o Ginásio Nilson Nelson na noite da última terça-feira na terceira parada do Príncipe das Trevas em sua turnê brazuca. Com a mesma pontualidade das apresentações de Porto Alegre e São Paulo, o ex-líder do Black Sabbath adentrou o palco às 21h30, sob o som dos primeiros acordes da eterna Bark at the Moon.
Acompanhado por sua banda, tão performática quanto o granmaestro, trazendo Gus G. e Adam Wakeman nas guitarras (o segundo também nos teclados), Rob Nicholson no baixo e Tommy Clufetos na bateria, Ozzy colocou a público a seus pés ao relembrar grandes sucessos da carreira do Sabbath, reconhecida como um dos pilares do heavy metal, com canções idolatradas por diversas gerações, como Fairies Wear Boots, War Pigs e a emblemática Iron Man.
Ao lado delas, pérolas não menos preciosas da empreitada solo do Madman, como I Don’t Want to Change the World, Crazy Train e Let Me Hear You Scream, esta última a única música de seu trabalho atual, Scream, que empresta nome à turnê.
Em meio às cerca de dez mil pessoas hipnotizadas pelo carisma do Príncipe das Trevas, adolescentes e veteranos dividiam espaço e cantavam em uníssono as canções de Ozzy, que incluíram ainda Mr. Crowley, I Don’t Know, Road to Nowhere e a polêmica Suicide Solution, que em 1986 chegou a render ao músico um processo por supostamente ter incitado um jovem ao suicídio. Do Sabbath, tocaram também Rat Salad.
Show histórico para fãs
Da vizinha Goiânia, dois ônibus lotados vieram especialmente para conferir a performance do Príncipe das Trevas, que não decepcionou. “O set foi como o planejado, sem nenhuma surpresa. Mas isso não impediu que essa fosse para muitos a melhor passagem do Ozzy pelo Brasil desde o antológico show do Monsters of Rock, de 1995”, relembra o produtor Wander Segundo, que veio com o comboio.
A opinião foi compartilhada pelo designer Tiago Palma, baterista da banda brasiliense Etna. “Além dos músicos prodigiosos que o acompanham, Ozzy é imbatível. Já tinha visto um show dele nos Estados Unidos, em 2000, mas a apresentação dessa terça foi uma experiência completamente nova, na qual pude perceber detalhes que antes me passavam batido”, conta.
Com aproximadamente 90 minutos de duração, o show foi encerrado com as emocionantes Mama, I’m Coming Home e Paranoid, esta última uma das mais conhecidas e reverenciadas músicas da carreira de Ozzy com o Black Sabbath.