A mostra de cinema Diálogos Africanos – Um Continente no Cinema, em cartaz no Centro Cultural Banco do Brasil de Brasília, até 20 de maio, e no Instituto Cultural Cervantes, de 23 a 27 de maio, se propõe, segundo os realizadores, a dar protagonismo ao cinema de um continente ímpar. Procura mapear os complexos diálogos sobre sua história, presente e futuro a partir de um leque de olhares: de realizadores africanos, estrangeiros, exilados ou descendentes, os quais apresentam visões complexas e diversas de sua realidade contemporânea. Com curadoria da professora Carolin Overthoff, a mostra começou de fato com um ´pequeno curso para professores de escolas públicas no último sábado. Agora, é a vez do público.
Dentre os filmes que serão exibidos, há perspectivas de autores africanos dos países de maior produção cinematográfica (África do Sul, Senegal, Burkina Faso, Nigéria). Mas também o olhar sobre a África de autores não africanos, sobretudo do ex-colonizador Portugal, como dos consagrados Manoel de Oliveira e Pedro Costa. E perspectivas de autores mais jovens da “diáspora africana”, a exemplo de Newton Aduaka e Rachid Bouchareb e, igualmente, de realizadores que embarcaram em co-produções internacionais, as quais evidenciam a cinematografia luso-africana por meio de realizadores como Flora Gomes e Zeze Gambôa. 
Em parceria com a Universidade de Brasília (UnB), a mostra também terá uma seleção de seus filmes exibida no Instituto Cervantes, dentro da da programação do Festival Latino-americano e Africano de Arte e Cultura (Flaac 2012), que este ano celebra os 50 anos da UnB.
A curadora da mostra Diálogos Africanos – Um Continente no Cinema, Carolin Overhoff Ferreira, é professora de Cinema Contemporâneo da Universidade Federal de São Paulo, com doutorado em filosofia pela Universidade Livre de Berlim, também organizadora dos livros “O Cinema Português através dos seus Filmes” e “Dekalog2: On Manoel de Oliveira”.
O que une os países africanos e, assim, a grande maioria dos realizadores provenientes do Continente Africano, explica Carolin, são as “marcas” deixadas pela experiência do colonialismo e do neocolonialismo. Segundo a curadora, tal domínio, que durou séculos, tornou difícil – ou até impossível – o desenvolvimento independente da produção, distribuição e exibição de filmes naquela parte do mundo. Antes, as produções ficavam sob controle absoluto dos colonizadores. “Ao fim da era colonial, ficou claro que não bastaria descolonizar os meios de criação e divulgação cinematográficos para que se atingisse um verdadeiro grau de independência. Seria fundamental, sobretudo, que houvesse um processo de descolonização das mentes”, avalia.
No dia 19 de maio, às 19h, haverá um debate aberto ao público, cujo tema será “Os filmes africanos no contexto do ensino da História afro-brasileira”, com participação de Carolin Overhoff Ferreira, também pesquisadora do Laboratório de Investigação e Crítica Audiovisual da Universidade de São Paulo (USP), e de Patricia Teixeira Santos, que possui mestrado e doutorado em História pela Universidade Federal Fluminense e é professora convidada do Programa de pós-graduação interdisciplinar de Estudos Africanos da Universidade do Porto, em Portugal. Com patrocínio do Banco do Brasil, a mostra tem apoio do Instituto Camões e da Embaixada da França.