Suellem Mendes
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Berço de grandes artistas, o Brasil continua formando o caráter musical de muita gente, principalmente em seu ritmo mais tradicional: o samba. Joyce Cândido, Roberta Nistra e Gloria Bomfim estão entre os nomes que, em 2011, investiram em suas carreiras. A primeira lança O Bom e Velho Samba Novo, um registro de obras clássicas e canções inéditas. Já Roberta, que também é pesquisadora de ritmos brasileiros, apresenta disco homônimo, com 12 faixas de temática afro. Este também foi o tema escolhido por Gloria Bomfim, que estreia com Anel de Aço.
Com uma voz doce e calma, Joyce Cândido desfila clássicos como Deixe a Menina (Chico Buarque) e O Dono da Dor (Nelson Rufino), além de músicas inéditas, entre elas Beleza Pura. “Esse é o primeiro CD a nível nacional. Escolhi primeiro o produtor e ele foi me enviando algumas músicas. Outras eu fazia questão de gravar”, conta ela, que, embora jovem e lançando o primeiro disco, tem um currículo exemplar. Estudou no Conservatório Carlos Gomes, onde formou-se em piano, e passou pela Universidade Estadual de Londrina, de onde saiu graduada em música.
Participações
Com tanto talento e dedicação, acompanhados do apadrinhamento de ninguém menos que Chico Buarque, Joyce entra para o rol dos artistas mais promissores do País. O álbum tem a participação da atriz Letícia Sabatella, que anda se aventurando pelo mundo da música, na canção Feitio de Oração. “Ela é prima de um grande amigo e está estudando música. Um dia ela chegou ao estúdio e o dueto aconteceu sem planejar. Ficou muito bonita a participação dela no disco”, conta Joyce, que consagrada como melhor cantora pelo Brazilian International Press Awards, prêmio dedicado à personalidades brasileiras que se destacam nos Estados Unidos.
Roberta Nistra escolheu ijexás e sambas para o seu disco de estreia. Pesquisadora de ritmos brasileiros e criada em Vila Isabel, rodeada pela animação das escolas de samba, não podia dar em outra. “Corro atrás de ouvir tudo que posso. Desde criança tive contato com o candomblé, com o ijexá, que até passa um pouco despercebido, mas que é uma música sagrada também. A verdade é que você vai pesquisando um e encontrando outros”, explica.
A artista acompanhou músicos de peso e aproveitou para aprender com eles. Entre os nomes com os quais Roberta teve a oportunidade de tocar junto, estão Beth Carvalho, Velha Guarda da Portela, Elza Soares, entre outros. Foram dois anos e meio até que o álbum Roberta Nistra ficasse pronto. São 12 faixas, nove delas inéditas. Muitas trazem celebrações às divindades do candomblé. Entre as participações do álbum está Itiberê Zwarg, da Orquestra Itiberê, que emprestou seu piano em Omi Imale.
Religiosidade
O álbum Anel de Aço, de Glória Bomfim, também fala dos rituais e da simbologia do candomblé. As canções são um presente do autor Paulo Cesar Pinheiro. Com voz forte, a artista mostra, nas doze faixas, o talento, que trabalhou desde cedo. “Vivi em um ambiente propício. Sou de uma família de músicos. Canto desde os oito anos. Me lembro que a primeira música que cantei foi A Viagem, do Paulo Cesar. Na época eu ainda morava na Bahia. Fui para o Rio de Janeiro aos 14 anos e foi onde conheci o compositor. Hoje trabalhamos juntos”, conta Glória, que nasceu em Areal, um pequeno povoado no interior da Bahia.